Nonato Guedes
No Dia Internacional da Mulher, a Federação da Associação dos Municípios da Paraíba (Famup) divulgou nota reforçando a luta por maior participação de representantes do sexo feminino na atividade política e na vida pública em geral, manifestando apoio ao movimento municipalista de mulheres liderado pela prefeita de Monteiro, Anna Lorena. A Paraíba tem uma vice-governadora reeleita, a doutora Lígia Feliciano (PDT), que cumpre papéis importantes em conjunto com o governador João Azevêdo (Cidadania). Mas apenas 18,4% das 223 prefeituras são administradas por mulheres. Ou seja, atualmente, a Paraíba congrega 41 prefeitas.
O Movimento de Mulheres Municipalistas surgiu em 2019 focado no objetivo de mudar a realidade atual. A prefeita Anna Lorena acredita que as mulheres ainda se sentem inibidas com questões relacionadas à política, mas informou que na sua cidade, na região do cariri, está conseguindo mudar atitudes das mulheres. Revela que é a terceira prefeita do município e que a presença feminina é notada, também, no legislativo, no secretariado municipal, em presidências de associações urbanas ou rurais. “Estamos em contato com essas guerreiras diariamente, elas que nos ofertam demandas e soluções, contribuindo para o processo de crescimento de Monteiro. Como cidadã, mulher, gestora e política, sinto imenso orgulho. Afinal, estou nesta história de luta ao lado de grandes mulheres”, enfatiza.
O livro “Mulher e Política na Paraíba – Histórias de vida e luta”, de Glória Rabay e Maria Eulina Pessoa de Carvalho, registra o avanço da participação das mulheres, que experimenta oscilações mas também incorpora avanços. Dados do TSE mencionados no livro apontam que no período 1993-1996 as prefeitas eram em número de 171, ou seja, somente 3,4% no universo de 4.972 municípios brasileiros. Mas no período 1997-2000 já havia 304 prefeitas, isto é, 5,58% no universo de 5.203 municípios. Nas eleições de 2000, 0 número de prefeitas eleitas no país teve um pequeno acréscimo> subiu para 318, em um universo de 5.527 municípios, equivalendo a 5,69% do total. Em 2004, continuou aumentando, tendo sido eleitas 418 mulheres, o que representava 7,52% das prefeituras brasileiras. Em 2008, o número de prefeitas atingiu 505, perfazendo 9,8% do total de prefeituras do país.
No Nordeste, o número de prefeitas eleitas já foi maior que a média nacional. Em 1966, as nordestinas representavam 81,25% das prefeitas brasileiras e as paraibanas 12,5% das nordestinas. Com a criação de novos municípios, houve uma redução da presença feminina nas prefeituras paraibanas, que passou de 8,18% no período 1993-1996 para 5,82% no período 1997-200, diminuindo o número absoluto de prefeitas de 14 para 13. Entretanto, no ano 2000, o número absoluto de prefeitas eleitas aumentou para 17. Quanto à participação feminina nas Câmaras Municipais, no Brasil, o número de vereadoras que em 1982 não chegava a 2.000 passou para 3.952 nas eleições de 1992, para 6.536 nas eleições de 1996 e para 6.992 em 2000, excluindo-se os nomes dúbios.
A prefeita Anna Lorena assegura que o movimento municipalista de mulheres tem buscado ativamente a inserção da mulher nos processos de governabilidade. “Este movimento permite que as mulheres se unam em todas as esferas, o que se reflete diretamente na vida do País, dos Estados, dos municípios. As mulheres estão se tornando mais fortes e mais engajadas na tomada de decisões referentes ao bem-estar da população”, finaliza. Nas eleições de 2016, oito chapas foram compostas por mulheres também no cargo de vice nas cidades de São Bentinho, São José de Princesa, São José do Brejo do Cruz, Algodão de Jandaíra, Diamante, Duas Estradas, Mamanguape e Pilõezinhos. Na Assembleia Legislativa da Paraíba são seis mulheres deputadas, de um total de 36 parlamentares.