Nonato Guedes
Pelo menos dois senadores paraibanos – José Maranhão (MDB) e Veneziano Vital do Rêgo (PSB) recusaram proposta do senador baiano Jaques Wagner (PT) para que os carros oficiais ocupados por parlamentares não ostentem mais a identificação atual. Hoje, os veículos portam placas pretas com a inscrição “Senador” e um número de três algarismos, pelo qual é possível identificar a qual senador pertence o carro. Segundo conta o colunista Edinho Magalhães, do “Correio da Paraíba”, baseado em Brasília, a proposta de alteração das placas feita pelo baiano deu-se na primeira reunião da Mesa Diretora do Senado, no retorno aos trabalhos no mês passado. E foi considerada “inusitada”.
O senador petista alegou questões de segurança, explicando que com a identificação, os parlamentares podem ser alvo de protestos nas ruas de Brasília. Houve críticas e elogios, ainda conforme a narrativa de Edinho Magalhães. Alguns presentes à reunião até concordaram, lembrando que o próprio presidente da República se vale dos carros sem identificação de placa para se locomover “em algumas situações”. Outros, porém, argumentaram que a identificação atual facilita o acesso a órgãos públicos na Capital Federal, que parlamentares costumam frequentar para encaminhar pleitos de interesse dos Estados que representam.
O site “O Antagonista” revelou que Jaques Wagner teria proposto que, no lugar da placa que identifica cada senador, fossem colocados adesivos do Senado nas laterais dos veículos. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) anunciou que encomendaria um estudo e ficou de deliberar sobre a questão na próxima reunião da Mesa Diretora. Ainda na reunião, levantou-se a hipótese de cada senador escolher se deseja continuar ou não com a placa que o identifica. Na bancada federal paraibana, o senador José Maranhão, que foi governador do Estado por três vezes, não demonstrou nenhuma preocupação em manter a identificação dos carros como está, “há décadas”, segundo lembrou. Por sua vez, o também senador paraibano Veneziano Vital do Rêgo (PSB) foi enfático: “Para mim, não muda nada. Nunca tive problema nenhum em toda a minha vida de congressista de me identificar, ou, como agora, de ter o carro do Senado identificando a mim”.
O colunista Edinho Magalhães conclui: “Senadores de primeiro mandato chegam até a sugerir o uso de chip acoplado ao veículo para que possam ser monitorados por aplicativo, como foi o caso da ideia da senadora “Leila do Vôlei”, de Brasília. Pelo visto, poderá ser aprovado o seguinte: os incomodados que retirem suas placas”. Nos últimos anos, no Brasil, com o recrudescimento de manifestações de protesto, não apenas senadores como deputados federais e outros homens públicos têm sido vaiados ou hostilizados em aeroportos e outros ambientes públicos. Isto já aconteceu com políticos paraibanos, que votaram matérias que contrariaram alguns segmentos – caso do deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), apupado por ter dito “sim” ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Na semana passada, no Rio, a deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT e o namorado, o ex-senador Lindbergh Farias, natural da Paraíba, foram hostilizados quando saíam de um hotel em que ficaram hospedados. A reação partiu de eleitores declarados do presidente Jair Bolsonaro, que tem feito críticas públicas ao Congresso Nacional.