Kubitschek Pinheiro
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A cidade inteira está tossindo. Por onde ando, escuto tossidas ao longe, como se fosse um eco. Não, não pode ser coronavírus, o clima quente aqui do Nordeste, traz essas viroses, com narinas entupidas, coisas da vida, choques de opiniões. Por falar em opinião, é preciso estabelecer regras para o diálogo. Nem tudo é fack news. Vamos devagar com o andor, que o santo ainda não é virtual, nem viral. Mas a coisa é grave.
É acreditável como os inteligentinhos fazem barulho quando precisam defender seus partidos; o time de futebol etc. Afinal, porque tanta gente vive brigando por questões partidárias? Cartas para a Mãe Delamare, que se estivesse viva faria cem em Abril. E priu.
Mudando de assunto, o escritor Gabriel Garcia Márquez teve a feliz ideia de reunir os personagens José Arcadio, Buendía Úrsula, Iguarán José Arcadio, Aureliano Amaranta, Arcadio e Remédios, a Bela entre outros no seu banquete Cem Anos de Solidão. Cá estamos com 500 e tantos anos de peleja, crise, tragédias em busca do Paraíso de Dante, porque o que mais tem no inferno é cão.
A sacada antológica de Garcia nunca andou na moda, sobretudo na Colômbia de Pablo Escobar, mas foi em pleno momento de viagens num encontro com Dante que, ao passar por Roma brindou o Papa Leão X com um elefante. Bom, até aí tudo certo como dois e dois são 5.
Há mais de 50 anos, G Márquez publicou “Cem anos de solidão”, que narra a saga da família Buendía, que atravessa quase um século de histórias entre o real e o fantástico. Eu adoro. Um povo que ainda vive feliz até hoje. Ninguém sabe como. Eu sei. Vem comigo que eu conto.
Voltemos ao Brasil, 2020. Tuias de discursos e o coronavírus avançando. O discurso da inveja é metafórico, um analfabetismo funcional, uma hipérbole. O da maldade, é virulência constante e o da mentira, perde-se no beco dos babões. Ouvir discursos sobre a falta de civilidade é igual pensar na tentativa de colocar a pasta de dente de volta no tubo. Melhor ensaboar a mulata, como cantava Cartola. Acontece.
Se há um valor concreto no discurso do bêbado é que ele acha que se conserva no alcoolismo da entropia: tipo entra por um ouvido e sai pelo outro. O papel que a figura representa é retrógrado e some na poeira do botequim. Aliás, por que alcoolismo tem dois “ó” ? Esquece, esse ano temos eleições e meu filho Vítor acabou de tirar seu título. O voto ainda é secreto?
Ninguém leva mais nada a sério, ninguém está vendo nada. A civilização foi rompida há muito. O discurso do golpista é ultrapassado, digo atual: ele quer dizer isto e diz aquilo. Não confia em si mesmo, na sagrada família, sequer nos comparsas, mas ai já é cena para #Tarantino.
A civilização traída, enganada pelo discurso dos boçais, volta para a estaca zero, com a chegada do coronavírus. O discurso da caridade tem que ser silencioso. Alô, tem alguém aí? Ocupações privadas, grupos de otários, quadrilhas, caravelas & calvários e, algum espaço público como partidos, estão todos no lava pé do Papa Pio 12 e a cobiçar os arquivos que podem esclarecer papel da Igreja durante o Holocausto. O discurso da fé é outra cruz.
O brasileirinho não tira a fantasia do carnaval e ainda dilacera uns aos outros nas redes sociais. E o discurso da honestidade? Vamos deixar para semana vem, que Lenilson Guedes está cobrando a coluna.
É isso mesmo, quando os pavios curtos se juntam, todos encurtam ainda mais. E ainda berram que Deus não existe. Ora, Deus é Alá, é Yahweh, Jehovah ou Jeová.
Kapetadas
1 – Calma, gente, segundo o ministro da saúde é só uma gripe.
2 – Tão cancelando tudo. Levaram muito a sério essa moda de cancelamento.
3 – Olha, Tom Hanks confirmou que está com coronavírus e eu tô igual a ele em Forrest Gump.