Usando uma máscara de proteção em sua live semanal no Facebook, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pediu, ontem à noite, que as manifestações marcadas para o domingo, dia 15 de março, sejam adiadas. As manifestações vinham sendo articuladas por grupos de bolsonaristas em apoio ao governo do capitão contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, com incentivo do presidente, que, no entanto, não assumiu a paternidade da convocação. Na live de ontem, Bolsonaro estava ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e de uma intérprete de Libras, que também utilizavam máscaras.
O presidente deixou claro que ainda aguarda o resultado do teste que fez para o novo coronavírus. O mandatário realizou exames depois da confirmação de que o chefe da Secretaria Especial de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, testou positivo para a doença. O chefe da Secom fez parte da comitiva liderada por Bolsonaro que, entre 7 e 10 de março, realizou uma visita oficial à Flórida. Durante a viagem, o presidente brasileiro jantou com o presidente americano Donald Trump. Além de Bolsonaro e do secretário especial de Comunicação, outros integrantes da comitiva também estão seguindo protocolos médicos e realizando exames para verificar se têm o novo coronavírus.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), anunciou que faria o teste de coronavírus e estuda suspender as votações na Casa na próxima semana. Ontem, a senadora paraibana Daniella Ribeiro (PP) foi fotografada usando máscara enquanto transitava pelos corredores do Congresso Nacional. Alcolumbre resolveu fazer o teste porque se encontrou durante a semana com ministros e parlamentares que integraram a comitiva do presidente Jair Bolsonaro em viagem aos Estados Unidos no fim de semana passado, Sobre as manifestações de domingo, o presidente desencorajou a população a ir às ruas e considerou que as manifestações devem ser adiadas para outro momento, “para daqui a um ou dois meses”.
Ele justificou: “É mais um agrupamento de pessoas. O pessoal fica apavorado, a gente faz depois. Foi dado um tremendo recado para o Parlamento”. Explicou que a convocação do movimento não partiu dele. “É um movimento popular espontâneo. Reconhecemos a legitimidade do movimento. E o povo na rua, como sempre se manifestou de forma pacífica, é direito dele. Obviamente, da minha parte, ninguém pode atacar Parlamento, Legislativo, Judiciário”, frisou. Para Bolsonaro, é fundamental que se evite uma explosão de pessoas infectadas porque os hospitais não dariam vazão a atender tanta gente. “Se o governo não tomar nenhuma providência, o sistema não suporta. E problemas acontecem. Acaba morrendo gente por outro motivo e vão dizer que é o coronavírus. Como presidente da República, tenho que tomar uma posição. Se bem que o movimento não é meu, é espontâneo e popular”, advertiu ele.