Nonato Guedes
A Secretaria de Saúde do Estado confirmou, ontem, o diagnóstico do novo coronavírus em um homem de 60 anos, residente em João Pessoa, com histórico de viagem para a Europa e retorno em 29 de fevereiro. O paciente já está fora de contaminação. Enquanto isso, está sob investigação o caso de uma mulher de 39 anos de idade, que faleceu na madrugada de ontem no HU Nova Esperança (HUNE), na Capital. A paciente foi notificada como suspeita, até o momento, de Covid-19. O material para teste foi colhido e a Secretaria de Saúde aguarda o resultado dos exames.
A confirmação do primeiro caso se deu após críticas formuladas por radialistas, em programas de entrevistas, ontem, em João Pessoa, à suposta sonegação de informações por parte das autoridades acerca dos reflexos da pandemia na Paraíba. O Conselho Regional de Medicina, junto com entidades da área de saúde, Ministério Público Estadual e secretarias de Saúde do Estado e dos municípios está cobrando informações mais claras sobre as notificações ocorridas no Estado, além da ampliação na quantidade de testes entre pacientes suspeitos do novo coronavírus. O presidente do CRM-PB, Roberto Magliano de Morais, foi enfático: “Este é o maior problema sanitário que estamos enfrentando nos últimos 100 anos. Temos que estar unidos e fortes para traçarmos estratégias e nos planejarmos”.
Entre os médicos, há preocupação com a pequena quantidade de exames realizados no Estado, já que até agora foram testadas 64 pessoas, sendo 16 descartados e 48 aguardando os resultados do exame. Em virtude disso, os representantes das entidades, reunidas ontem, decidiram reivindicar ao Ministério da Saúde a ampliação dos critérios para a realização de exames. O secretário de Saúde do Estado, Geraldo Medeiros, informou que os exames já realizados seguem os critérios do Ministério da Saúde, ou seja, pessoas que chegaram do exterior e tiveram sintomas como febre e problemas respiratórios. Medeiros garantiu que a Paraíba está preparada para atender pacientes que precisem de internação e Unidade de Terapia Intensiva.
– Fizemos um planejamento, e em um pico máximo de pior situação, precisaremos de 82 leitos de UTI e 250 leitos de enfermaria. Já temos esses leitos e os hospitais de referência para atender esses pacientes – acrescentou o secretário de Saúde. O pesquisador e professor da Universidade Federal da Paraíba, João Felipe Bezerra, destacou durante a reunião que a UFPB possui estrutura adequada de laboratórios para fazer diagnósticos do coronavírus. “Estamos dispostos a dar todo o apoio ao Estado. Temos estrutura laboratorial e de pessoal para ajudar no aumento da quantidade de exames”, revelou.
O secretário de Saúde da prefeitura de João Pessoa, Adalberto Fulgêncio, ressaltou a importância da parceria com a Universidade Federal da Paraíba e propôs a assinatura de um convênio entre a UFPB, governo do Estado e prefeitura de João Pessoa para a aquisição dos kits de testagem e realização de uma quantidade maior de exames. Com o objetivo de reduzir a disseminação do coronavírus na Paraíba, o Conselho Regional de Medicina irá publicar recomendações aos profissionais do Estado no atendimento ambulatorial e hospitalar, tanto de entidades públicas como privadas. De acordo com o documento do CRM, o atendimento à população de risco deve ser feito somente com o uso de equipamentos de proteção individual fornecidos obrigatoriamente pelas unidades de saúde. Em caso de falta de EPI, o médico deve comunicar o responsável técnico do estabelecimento público ou privado para que sejam tomadas as providências necessárias.