Nonato Guedes
O governador João Azevêdo (Cidadania) reuniu-se, ontem, pela primeira vez desde sua posse, com o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PV) para discutir medidas conjuntas de prevenção e combate à pandemia do coronavírus, bem como com o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, do PSD. No contraponto, o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), que cumpre medidas judiciais restritivas, com o uso de tornozeleira eletrônica, por ser citado na Operação Calvário (desvio de recursos públicos da Saúde e Educação) fez uma transmissão ao vivo em seu perfil no Instagram, ontem à noite, para comentar a pandemia e apontar falhas nas medidas tomadas até agora por autoridades, com a ressalva de que não se tratava de críticas ao governo do Estado e prefeitura de João Pessoa.
Na audiência com o governador Azevêdo, Cartaxo sugeriu que sejam tomadas medidas mais restritivas para prevenção ao coronavírus, como o aumento no número de leitos hospitalares de enfermaria e UTI, a uniformização do protocolo de regulação dos atendimentos entre prefeitura e Estado e um apoio financeiro do governo federal para que os municípios possam sustentar medidas preventivas. Da reunião, no Palácio da Redenção, participaram, ainda, o secretário de Saúde da Capital, Adalberto Fulgêncio, o procurador-geral do município, Adelmar Régis, representantes do governo do Estado, Procuradoria da República, do Estado e Ministério Público. Foi informado pelo prefeito que uma série de medidas já está em curso para auxiliar no processo de proteção à população. “Mas acreditamos que ainda podemos avançar com medidas mais restritivas. É melhor tomarmos estas medidas agora para não termos que ser mais duros nos próximos meses”, advertiu o prefeito.
Como membro da Frente Nacional dos Prefeitos, Luciano Cartaxo defendeu que os municípios recebam apoio através de liberação de recursos, bem como de outras providências, elencadas em documento encaminhado pela FNP ao governo federal. De acordo com o alcaide, é necessário que se faça uma discussão sobre o equilíbrio fiscal dos municípios e, também, dos Estados. Ficou acertada a implantação de barreiras sanitárias nos aeroportos da Paraíba e nas rodovias federais que interligam o Estado com os que têm casos confirmados de Covid-19; interrupção de embarcações turísticas e de esporte no litoral paraibano, atividades de academias, ginásios e centros esportivos públicos e privados, bem como suspensão temporária de cultos e eventos religiosos. O governador anunciou que irá suspender o desembarque e a circulação da tripulação de navios de carga no Porto de Cabedelo e das atividades das feiras de negócios do Mercado de Artesanato Paraibano e do Centro de Artesanato Júlio Rafael.
Na transmissão, ontem à noite, o ex-governador Ricardo Coutinho avaliou como um erro o fechamento do hospital de Traumatologia e Ortopedia da Paraíba, observando que ele está todo montado e tem capacidade de UTI para ajudar a atender vítimas do coronavírus. Ricardo foi enfático: “É preciso que o Estado tenha voz de comando e para isso deve ter credibilidade para tal. Ele precisa falar com as pessoas e não apenas para algumas que têm nível de informação. É fundamental que o poder público treine e qualifique o pessoal para não colocar os servidores da saúde em uma situação delicada”. Propôs, ainda, a compra de equipamentos de proteção individual para os servidores da Saúde. “Não adianta abrir a boca para dizer que o Estado tem 500 respiradores porque eles já têm uma demanda anterior e agora outra demanda muito maior. Acho que nós já estamos atrasados”, acrescentou Coutinho, que é formado em Farmácia.