As ruas praticamente vazias em lugares estratégicos de João Pessoa denunciam o novo cenário que se criou com a repercussão da pandemia do coronavírus. Os shoppings ficarão fechados por 15 dias a partir de segunda-feira – dois deles, Manaíra e Mangabeira já não abrem hoje e permanecem fechados até 30 de abril, com exceção de bancos e farmácias. O comércio de rua passa a ter horário reduzido, das 9h às 15h. Feiras livres, padarias, supermercados e postos de combustíveis funcionam normalmente. Algumas das mudanças foram anunciadas pelo prefeito Luciano Cartaxo como preventivas à disseminação da Covid-19, após confirmação do primeiro caso da doença na Paraíba.
De acordo com Cartaxo, houve diálogo com os setores envolvidos antes da fixação das novas recomendações que buscam restringir, ainda mais, a concentração de pessoas. A decisão foi acertada durante reunião com os representantes de segmentos do comércio, segundo o núcleo intersetorial da prefeitura da Capital paraibana. Por outro lado, o Procon municipal continua investigando se as farmácias estão praticando preços abusivos na venda de máscara e álcool em gel. O órgão já fez a notificação de pelo menos trinta estabelecimentos que deverão apresentar as notas fiscais de compra junto aos fornecedores para se saber se há justificativa para o aumento de preços dos dois produtos.
O deputado estadual Jeová Campos, do PSB, alertou, ontem, para a necessidade de uma reflexão sobre um lado cruel pouco comentado até o momento em nosso país, que é a situação do trabalhador que ganha conforme sua produção e tem que parar de trabalhar se afetado pelo vírus, parar de atuar por prevenção ou mesmo por falta de clientes em seu negócio. “Há uma visível desproteção dos trabalhadores informais que prestam serviços nesse contexto”, analisa Jeová Campos, acentuando: “É preciso preservar o mandamento constitucional de preservação da dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil”. E mais: “Toda pessoa humana tem direito ao respeito da sua honra e sua dignidade, sem falar do direito do trabalho. Em tempos de crise, esses trabalhadores podem parar de trabalhar mas não podem deixar de ganhar”.
Jeová, que é advogado e professor do Curso de Direito do campus III da Universidade Federal de Campina Grande na cidade de Sousa, lamentou que os profissionais informais não tenham escolha em um momento difícil como o atual. “Acredito que o Estado, neste caso, tem o dever de proteger o trabalhador, na preservação da dignidade humana”, concluiu. A Arquidiocese da Paraíba e a diocese de Campina Grande decidiram suspender a celebração de missas e emitiram novas determinações para evitar contágio do coronavírus nas igrejas. Também permanecem suspensas as celebrações eucarísticas com a participação de fiéis em todo o território da Arquidiocese. As missas dominicais serão oficiadas a portas fechadas nas matrizes de cada paróquia, com, na medida do possível, transmissão online para os fiéis através das plataformas digitais oficiais da paróquia. Poderão ser acompanhadas, também, nas transmissões regulares em emissoras de rádio e TV.