Nonato Guedes
Prefeitos paraibanos, alarmados com o avanço do novo coronavírus pelo país, adiaram as discussões e definições sobre o processo eleitoral deste ano, que foi mantido pelo Tribunal Superior Eleitoral, contornando sugestões de adiamento do pleito, marcado para outubro. A trégua forçada se refletiu com mais ênfase em João Pessoa e Campina Grande, os dois maiores colégios eleitorais da Paraíba, onde não se sabe quais os candidatos que concorrerão às prefeituras pelos partidos de Luciano Cartaxo (PV) na Capital e Romero Rodrigues (PSD) na Rainha da Borborema. Os dois alcaides têm aparecido em veiculações nas emissoras de rádio, TV e em redes sociais, anunciando providências de enfrentamento à pandemia do corinavírus e passando ao largo de quaisquer outras discussões.
Luciano Cartaxo, que havia deixado o anúncio do nome do seu candidato para depois do Carnaval, afirma que as coisas mudaram e que no momento não dá para pensar em eleição diante da situação de calamidade vivenciada no Brasil. Segundo disse ao “Correio da Paraíba”, o momento é de unir esforços e trabalhar para que as pessoas tenham a atenção devida e para que o coronavírus não se propague na cidade. “É preciso ter serenidade e agilidade para adotar as medidas adequadas que o momento impõe. O momento é de alerta máximo no Brasil para combater a doença e reduzir a intensidade de sua transmissão. Só voltaremos a pensar em eleição depois que esta situação estiver resolvida. A população precisa, agora, é de trabalho por parte das autoridades”, frisou Cartaxo.
Analistas políticos calculam que a trégua também possibilita aos dois prefeitos analisarem a repercussão, junto à população, das duras medidas restritivas que estão sendo tomadas em benefício da população, algumas das quais enfrentam críticas e resistências. Em João Pessoa foi anunciado o fechamento de shoppings centers, bem como a redução no horário de funcionamento do comércio. Na sexta-feira, o prefeito Cartaxo determinou novas ações preventivas ao coronavírus como a suspensão das atividades do transporte coletivo e o fechamento de bares, restaurantes e lanchonetes. Clubes sociais, salões de beleza, clínicas de estética, casas noturnas, de festas ou de espetáculos, também deixam de funcionar. A decisão começou a valer ontem, por um prazo de 15 dias, podendo ser prorrogada.
Em Campina Grande, Romero Rodrigues foi enfático ao advertir que não há qualquer possibilidade de parar as atividades de combate ao coronavírus para discutir eleições. “A população espera respostas e neste momento estamos focados em trabalho. Não podemos deixar que aconteça no Brasil o que aconteceu na China e vem acontecendo na Itália, onde milhares de pessoas morreram”, ressaltou o gestor. Rodrigues anunciou novas medidas, relacionadas ao funcionamento do comércio local, que passa a ser das 10h às 16h, rigorosamente em sintonia com o horário bancário. A medida tem como prazo final o próximo dia 13 de abril e objetiva racionalizar mais o funcionamento do setor frente aos desafios de se evitar a propagação do coronavírus.