Nonato Guedes
Os nove governadores da região Nordeste decidiram padronizar as ações de prevenção ao alastramento do coronavírus e criaram grupos de trabalho com secretários estaduais de Saúde e da Fazenda, segundo informou o governador do Piauí, Wellington Dias. A maioria das ações de isolamento social é criticada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e considera por ele um exagero, “uma histeria”. O presidente e governadores do Norte e Nordeste tinham reuniões separadas por videoconferência, marcadas para ontem. Na sexta-feira, depois de o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) criar um atrito diplomático com a China, os governadores nordestinos pediram ao país asiático ajuda com materiais para conter a doença.
Os Estados firmaram uma parceria para o repasse de equipamentos de proteção individual, como máscara. O governo da Bahia, por exemplo, forneceu esses equipamentos ao Piauí e outros Estados. O governador do Piauí, Wellington Dias, detalhou ao “Congresso em Foco Premium” as ações unificadas tomadas no Nordeste; “Ativamos a Câmara Técnica de Saúde e medidas uniformes, como barreiras conjuntas nos Estados e em parceria com os municípios para regra de isolamento social para quem chega no Estado. Equipe de recepção com procedimento comum e isolamento social no município do destino. Câmara Técnica para Economia com secretários da Fazenda, para decisões mais uniformes. E uma Câmara Técnica Social e de Segurança para as medidas de proteção às pessoas mais vulneráveis”.
Após a reunião com governadores do Norte e do Nordeste, o presidente Jair Bolsonaro anunciou um novo pacote de medidas, com a destinação de R$ 8 bilhões para a Saúde. Pelo menos R$ 16 bilhões serão destinados para Estados e municípios, R$ 2 bilhões para a assistência social e R$ 12 bilhões de suspensão da dívida dos Estados. Somando essas medidas com as demais já anunciadas, totalizam R$ 88,2 bilhões. No entanto, Bolsonaro deixou claro que espera um retorno destes governadores. “Obviamente, pedimos que nossas medidas, que estão em tramitação na Câmara, tivessem um olhar especial deles”.
Os governadores costumam ter grande peso sobre as bancadas federais de seus Estados. Com esse recado, o que o presidente está dizendo é que: uma vez que ele ajudou os Estados com essas medidas, ele espera que os governadores o ajudem, convencendo os deputados a aprovarem as medidas que serão encaminhadas para a Câmara. Novas críticas aos governos estaduais não deixaram de acontecer, mesmo que veladas. “Há lugares que pararam tanto, que não tinham mecânicos para consertar as máquinas hospitalares”, queixou-se o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. “A vida não se resume a um vírus, a uma doença. Os problemas de saúde continuam acontecendo, as pessoas continuam tendo apendicite, precisando de tratamento”, falou o ministro, para explicar os problemas que a paralisação dos Estados pode ocasionar ao sistema de saúde.