Por Fernando Patriota -Jornalista
“O que move o mundo são as perguntas”. Esta frase é conhecida no universo Jornalístico e no campo da História, mas nunca foi tão atual em tempos de pandemia, de desespero na cadeia econômica, do colapso do sistema de Saúde e do medo da morte coletiva, que abalam nosso planeta a cada dia. No geral, jornalistas não respondem, eles estudam para saber perguntar e, assim, tentar extrair respostas que possam ajudar a sequência do cotidiano social e individual. Contudo, quero opinar sobre o que está acontecendo, mesmo sabendo das minhas limitações intelectuais para tanto. Então, lá vai pergunta: o que vamos aprender com esse vírus, microscopicamente, visível?
Antes de tudo, quero dizer que não imaginava vivenciar um momento como esse, de ouvir, ver e ler tantas notícias a respeito de sepultamentos de pessoas em série, de populações inteiras privadas de liberdade e da aberração capitalista optando pela economia, ao invés da vida. Mas, é fato. Estamos vivenciando um marco catastrófico na História, que será estudado por gerações futuras. De alguma forma, a natureza nos mostra a face nefasta de alguns governantes e líderes dos segmentos político e industrial, materializada pela ganância sem freio, focada no lucro e na riqueza, para sustentar a permanência de grupos seletos no topo da pirâmide social.
Contudo, não quero falar sobre essa questão política e sobre os interesses financeiros. Esse tema, quem sabe, pode servir para outro texto. Quero me prender ao macro; a Terra. Sim, a Terra. Nossa casa e a moradia de milhares de diferentes espécies. Um corpo celeste que flutua no espaço há mais de quatro bilhões de anos e habitado pelo homo sapiens e outros mamíferos superiores apenas há 160 mil anos. É uma diferença colossal, se levarmos em consideração que a vida começou, aqui, há mais de um bilhão de anos.
Certo dia, assisti ao filme “O Dia em que a Terra Parou”. A obra cinematográfica foi inspirada no conto Farewell to the Master de Harry Bates, dirigido por Robert Wise, em 1951. A película foi regravada em 2008, tendo como ator principal Keanu Reeves. Em determinado momento da ficção, ele, que interpreta um alienígena, é indagado: “Por que vocês querem acabar com o nosso planeta?”. Ele responde: “Eu não quero acabar com seu planeta. Quero acabar com vocês”. Esse diálogo ficou na minha cabeça por um certo tempo e retornou desde que o novo Coronavírus tomou os continentes, deixando um rastro de morte em todas as classes sociais.
Já pararam para pensar que esse vírus não destrói mares, rios, lagos, montanhas, vales, árvores, nem mesmo outros animais? Por que só nós somos afetados por ele? Deve existir um motivo para isso. Será que a Terra precisa respirar, sem a presença da poluição gerada diariamente para manter nossa vida confortável? Será que a Terra e todos os seus ecossistemas estão fadados dos nossos dejetos podres lançados em suas águas? Será que os outros bichos não nos suportam mais?
Imagino que seja o momento de repensarmos nossa forma de viver e conviver com nosso semelhante e com todas as outras espécies. É chegada a hora de respeitarmos a Terra e o Ar como eles merecem ser respeitados. Ficou comprovado que o dinheiro, frente a esse ser bizarro, não vale nada. Está demonstrado que a coletividade é, infinitamente, superior ao individualismo. Que a família é a sociedade primária, responsável por nosso desenvolvimento como ser humano, no sentido maior dessa expressão. Acredito que podemos vencer, sim, essa guerra. Mas, e depois? Voltaremos a ser os mesmos egoístas de sempre, os mesmos ambiciosos sem escrúpulos? As mesmas pessoas que cairão de joelhos frente a um vírus? Cuidemos, pois o próximo pode ser bem pior.