Nonato Guedes
Havia o receio de que a população paraibana viesse a ser fortemente penalizada agora, em meio à pandemia do coronavírus, em virtude da sangria de recursos da área da Saúde, detectada na administração do socialista Ricardo Coutinho, bem como por causa do sucateamento de hospitais, alguns dos quais ficaram desativados em regiões estratégicas do Estado. Entretanto, o governador João Azevêdo, ex-PSB, ex-aliado de Ricardo, hoje no “Cidadania”, está se saindo bem no complicado teste de enfrentara doença nos seus domínios. Não há nenhum modelo excepcional de enfrentamento sendo posto em prática aqui. A sistemática segue recomendações da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde, adaptadas à realidade paraibana. Para a opinião pública, a sensação é de que o governo não está sendo omisso.
Azevêdo optou por não politizar problema de dimensão tão grave, como, infelizmente, fez o presidente Jair Bolsonaro, gerando perplexidade em segmentos da sociedade brasileira e junto à comunidade científica e a governos de vários países. O dever de casa está sendo viabilizado, além do mais, em articulação com prefeituras de cidades onde há maior concentração de habitantes, como João Pessoa e Campina Grande, e, de resto, com todos os municípios paraibanos, alguns dos quais são porta de entrada ou correia de transmissão de outros Estados por fazerem fronteira ou divisa com eles. A integração do gestor paraibano com os demais governadores do Nordeste tem possibilitado ações pontuais conjuntas, em que uns se socorrem aos outros. Há sintonia, também, nas medidas restritivas destinadas a dificultar ou bloquear a circulação do vírus da covid 19.
O governador, é claro, não está alheio a posições polêmicas assumidas pelo “mercurial” presidente Jair Bolsonaro, inclusive porque esteve na linha de tiro do mandatário quando este criticou gestores que, a seu ver, erraram na dosagem das medidas de prevenção que tomaram. Mas, tanto quanto possível, Azevêdo contorna o enfrentamento direto com o presidente da República, que mira, principalmente, nos governadores de São Paulo, João Doria (PSDB) e do Rio, Wilson Witzel (PSC), em quem enxerga potenciais concorrentes nas eleições gerais de 2022. Ao atalhar o confronto com o Palácio do Planalto, o governador João Azevêdo abriu caminho para que a Paraíba fosse destinatária e beneficiária de recursos federais para complementar os recursos próprios do Estado, em si mesmo insuficientes para o custeio de leitos, a aplicação de testes e a distribuição de medicamentos aos mais necessitados.
O atual chefe do Executivo tem contado na árdua tarefa do enfrentamento ao coronavírus com o precioso apoio da bancada federal paraibana, que se reuniu em caráter online, em evento sem precedentes, para concatenar a distribuição de verbas a que os senadores e deputados têm direito no Orçamento Geral da União. Deputados federais e senadores foram proativos no atendimento à exortação popular por medidas efetivas em caráter de urgência e de emergência, face a uma pandemia que ainda é desafiadora, para efeito de compreensão, por especialistas, quanto mais por lideranças políticas. É de se ressaltar, igualmente, a importância dos préstimos oferecidos pela Assembleia Legislativa, acolhendo sem restrições o decreto que instituiu calamidade pública na Paraíba, o qual possibilita ações substanciosas para preservar vidas.
Deputados estaduais, tanto quanto os deputados federais e senadores, não abriram mão, evidentemente, de adicionar suas próprias sugestões às medidas concebidas pelo governo do Estado, a fim de que o socorro do poder público fosse mais eficiente e tivesse resultados positivos em favor da coletividade. A preocupação com o bem-estar não tem entrado nesta crise como mera figura de retórica por parte dos atores políticos paraibanos. Eles procuraram dar o exemplo palpável que lhes cabe em conjunturas assim, injetando esperança numa sociedade indefesa e paralisada pelo pânico, no bojo da expectativa sobre os desdobramentos da pandemia.
O que se discute, agora, entre as lideranças políticas e autoridades governamentais da Paraíba é o que está em discussão no plano nacional: como conciliar o isolamento social com a reativação da economia, que há dias está parada, o que impede a livre circulação de dinheiro. A tendência é que de forma gradativa haja um afrouxamento de medidas de caráter restritivo, em benefício do asseguramento dos empregos ou postos de trabalho para inúmeras pessoas que estão marginalizadas do processo produtivo paraibano e, por extensão, brasileiro. Louve-se a demonstração de maturidade que está sendo dada pelos nossos líderes e governantes. Que essa mobilização perdure, passada a tempestade do coronavírus, no enfrentamento de outros desafios que sejam do interesse direto do povo.