Nonato Guedes
A médica e pesquisadora paraibana Adriana Melo, especialista em Medicina Fetal, que ganhou projeção na mídia nacional como referência no tratamento da microcefalia no Brasil, manifestou-se em tom indignado, em sua conta em rede social, contra o fim do isolamento social e a abertura do comércio, que colidem com medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde para tentar conter a propagação do coronavírus. Adriana Melo lançou um desafio: quem concordar com o fim do isolamento e a abertura do comércio, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, assinará um termo dizendo que abre mão de um respirador caso seja infectado e necessite do aparelho em um hospital.
– Sugiro a quem for favorável acabar o isolamento social e abrir o comércio assinar esse termo quando nós, profissionais de saúde, tivermos que escolher quem vai morrer ou viver – expressou a médica, em tom dramático, no seu perfil no Instagram, onde tem se posicionado com informações sobre a evolução da pandemia do coronavírus em diversos países. A cientista, ao mesmo tempo, tem feito “lives” no Instagram para atualizar seus seguidores sobre os sintomas do novo coronavírus em idosos, adultos e crianças. “Somente a ciência é capaz de nos mostrar o caminho mais seguro para vencer o vírus”, salientou.
Em outra ocasião, Adriana Melo chamou a atenção dos profissionais de saúde para as orientações gerais nos atendimentos a pacientes. “É importante seguir cada orientação para diminuir as chances de contaminação pelo novo coronavírus. O uso correto dos EPI’s também é indispensável. Aliás, você, profissional de saúde, está tendo acesso aos equipamentos de proteção individual?”, indagou a doutora Adriana Melo. Ela repassou orientações de prevenção no dia a dia, descrevendo maneiras de evitar contato direto com superfícies que possam estar contaminadas. “Em um momento como o que estamos vivendo, é essencial prevenir. E prevenção é algo que não se pode negligenciar. Pagar para ver não é uma opção”, advertiu a cientista Adriana Melo. Na sua opinião, “para esse vírus não importa se você é rico ou pobre. O problema é sua rápida velocidade de contágio e a dificuldade no acesso à saúde pública”.
– O Brasil tem cerca de 50 milhões de brasileiros que vivem à margem da pobreza. Essa parcela da população será a mais impactada por essa pandemia. Temos um sistema único de saúde que não tem capacidade para atender a todos ao mesmo tempo. A escassez de leitos, equipamentos e poucos profissionais capacitados não são suficientes para atender os 20% dos casos moderados ou graves. Mas podemos contribuir de formas diferentes para que o atendimento alcance um maior número de pessoas –salientou. Adriana Melo recomendou que somente se deve recorrer ao hospital em casos graves com sintomas tipo febre alta, sinais de falta de ar ou insuficiência respiratória. Ela reproduz recomendações já popularizadas pela Organização Mundial da Saúde.