Nonato Guedes, com agências
O endosso dos ministros da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e da Economia, Paulo Guedes, às medidas tomadas pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pelas medidas que tem tomado no enfrentamento ao coronavírus, amplia a crise dentro do governo e o isolamento do presidente Jair Bolsonaro, que segue protestando contra o isolamento social recomendado pelo ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde como alternativa à propagação da doença. A crise dentro do governo reforça as especulações sobre iminente exoneração do ministro Mandetta pelo presidente da República.
Oficialmente, porém, a questão segue em banho-Maria no Palácio do Planalto. O ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, afirmou que “não existe” no governo a ideia de demissão do ministro da Saúde. “Isso aí está fora de cogitação, no momento”, expressou Braga Netto. Já o ministro Mandetta disse considerar “normais” os momentos de tensão, devido ao tamanho do desafio no enfrentamento ao novo vírus. “Todos nós estamos tentando fazer o melhor pelo povo brasileiro, e o presidente Bolsonaro também”, frisou Mandetta. Que acrescentou: “Os processos em andamento, as tensões, são normais pelo tamanho desta crise”.
Mandetta afirmou que a orientação da pasta da Saúde “continua técnica, continua científica e continua trabalhando dentro do seu planejamento”. O ministro também informou que tem dialogado com governadores e prefeitos e vem orientando os governos locais a manter as medidas contra a propagação do vírus. “Eu tenho dialogado com secretários estaduais e municipais de saúde dentro do que é técnico, dentro do que é científico”, reforçou Mandetta. E acrescentou: “Por enquanto, mantenham as recomendações dos Estados porque essa é no momento a medida mais recomendável, já que nós temos muitas fragilidades ainda no sistema de saúde”.
O ministro voltou a defender que a posição atual do Ministério da Saúde é para que sejam aplicadas medidas de distanciamento social como forma de tornar mais lenta a transmissão do vírus. “No momento a gente deve manter o máximo grau de distanciamento social para que possa, nas regras que estão nos Estados, dar tempo para que o sistema de saúde se consolide na sua expansão. Nós estamos aumentando o sistema, estão chegando equipamentos”.