Nonato Guedes
O deputado federal paraibano Julian Lemos (PSL) elogiou o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, na difícil fase de enfrentamento ao coronavírus que tem se expandido pelo país. O ministro está na “berlinda” devido a críticas do próprio presidente Jair Bolsonaro ao seu comportamento. Ainda ontem, Bolsonaro voltou a criticar o seu auxiliar, salientando que falta humildade a Mandetta, mas garantindo que não o demitirá “na guerra”. Textualmente, frisou Bolsonaro: “Não pretendo demiti-lo no meio da guerra, mas em algum momento ele extrapolou. Sempre respeitei todos os ministros. A gente espera que ele dê conta do recado. Não é uma ameaça para o Mandetta. Nenhum ministro meu é “indemissível” como os cinco que já foram embora”, declarou Bolsonaro em entrevista à rádio Jovem Pan.
E acrescentou: “Em alguns momentos, acho que o Mandetta teria que ouvir mais o presidente. Ele disse que tem responsabilidade, mas ele cuida da saúde, o Paulo Guedes, da economia, e eu entro no meio. O Mandetta quis fazer valer muito a vontade dele. Pode ser que ele esteja certo, mas está faltando humildade para ele conduzir o Brasil neste momento”. Ainda de acordo com Bolsonaro, “aquela histeria, aquele clima de pânico, contagiou alguns dentro do Ministério da Saúde”. E cobrou, na sequência: “Já está no momento de todo mundo botar o pé no chão”. Bolsonaro, que enfrenta ameaças de impeachment por parte da oposição, garantiu com veemência que não pensa na possibilidade de deixar o cargo. “De minha parte, a palavra “renúncia” não existe”. O presidente falou sobre a possibilidade de um “jejum” religioso nacional para combater o coronavírus, informando que tem sido procurado por católicos e evangélicos nessa fase.
O deputado federal paraibano Julian Lemos, ao mesmo tempo em que enalteceu a atuação de Luiz Henrique Mandetta, revelou-se preocupado com a instabilidade de posições do presidente Jair Bolsonaro diante da pandemia do novo coronavírus. “Essa instabilidade me deixa desconfortável”, alegou o deputado, que se mantém fiel ao presidente mesmo depois de ter sido criticado por filhos de Bolsonaro. Com relação ao ministro Mandetta, disse que ele “está dando um baile em prudência, conhecimento, preocupação. Tem falado como um líder e com a responsabilidade que seu cargo exige”. O ministro Mandetta, por sua vez, disse à “Folha de S. Paulo” que não comenta ações do presidente da República e, por isso, não pretende rebater as declarações de Bolsonaro sobre ele em entrevista à rádio Jovem Pan.
– Ele (o presidente) tem mandato popular e quem tem mandato popular fala, e quem não tem, como eu, trabalha – declarou o ministro. Em seguida, informou que está analisando dados sobre o novo coronavírus e preocupado com a situação de algumas regiões. “Eu acho que estamos frente a uma doença nova, e está todo mundo aprendendo com essa doença. Vamos saber o que ela vai fazer com o nosso sistema de saúde. Rezo a Deus que nada disso aconteça aqui, que eu esteja absolutamente errado, que toda a ciência esteja absolutamente errada”. Mandetta e Bolsonaro vem travando um embate desde o começo da crise. O ministro tem defendido políticas de isolamento social frente à pandemia, incluindo o fechamento de estabelecimentos comerciais, como forma de evitar aglomerações e a proliferação da doença. Bolsonaro, no entanto, tem criticado esse discurso e as medidas defendidas por Mandetta que foram adotadas pelos governadores de decretar uma quarentena.