Nonato Guedes
O ex-governador, ex-senador e ex-prefeito de Campina Grande Cássio Rodrigues da Cunha Lima aniversaria hoje, completando 57 anos de idade, ao lado da mulher, Jacilene, e do filho mais novo, Vinícius. Cássio, que não logrou se reeleger ao Senado na campanha de 2018, tendo atribuído o desfecho a “tsunami político” dominante nas eleições, está em “quarentena” que coincide com o isolamento social observado no país em consequência da pandemia do coronavírus. Mantém-se como líder de forte expressão no Estado e no cenário nacional, mas dedica-se à atividade na advocacia, prestando consultoria a empresas. O filho, Pedro Cunha Lima, cumpre mais um mandato na Câmara Federal e é ativo no comando do PSDB paraibano. Cássio fez-se herdeiro político legítimo do poeta Ronaldo Cunha Lima, que ocupou todos os mandatos – de vereador e prefeito de Campina a governador e senador.
Cássio exerceu, ainda, a superintendência da Sudene, no governo do presidente Itamar Franco e foi primeiro vice-presidente do Senado Federal no mandato que empalmou até dezembro de 2019. Ele foi governador por duas vezes – eleito em 2002, derrotando Roberto Paulino (PMDB) e em 2006, derrotando José Maranhão (PMDB). Foi cassado em fevereiro de 2009 pelo Tribunal Superior Eleitoral, após conturbada polêmica política-judiciária na Paraíba, em que os adversários o inquinavam de conduta vedada na campanha e de suposta improbidade na gestão, o que foi refutado veementemente por ele. Cássio considerou a sua cassação o “maior erro judiciário” do país e contestou o quanto pôde o processo interposto contra ele, esgotando recursos ao seu alcance para provar inocência diante da “orquestração”. Foi reabilitado em alto estilo pelo eleitorado, com um milhão de votos na disputa ao Senado em 2010, quando foi aliado de Ricardo Coutinho contra Maranhão, tendo, pouco tempo depois, rompido com Ricardo.
Prefeito de Campina Grande em três oportunidades, Cássio vinha sendo preparado por Ronaldo para ser candidato a governador já em 1998, mas foi atropelado dentro do PMDB pela candidatura de José Maranhão, que tinha direito à reeleição depois de ter assumido o cargo com a morte de Antônio Mariz. Em 2002, teve sua grande oportunidade, concorrendo pelo PSDB, para onde migrara em companhia de outros líderes políticos. Como governador, manifestou a esperança de que não cometeria os erros da omissão e o pecado de acomodação. No primeiro governo, além das prioridades referentes a serviços essenciais, acenou com uma Paraíba moderna e competitiva antevendo a inovação tecnológica. No segundo mandato, Cássio buscou abrir fronteiras em centros maiores do Brasil e do exterior para promover o desenvolvimento da Paraíba.
No primeiro discurso, na tribuna da Câmara Federal, em nove de fevereiro de 1987, Cássio externou “a preocupação, o sofrimento e a angústia de um jovem que vê seu país às portas do século XXI, na entrada do ano 2000, discutindo a organização jurídica do Brasil”. Para ele, era inconcebível que o Brasil enfrentasse rupturas político-sociais consecutivas e vácuos históricos permanentes. Cássio, o mais jovem constituinte de 1988, foi acolhido com respeito e atenção por interlocutores influentes do cenário político nacional, a exemplo de Ulysses Guimarães e Mário Covas. Num dos mandatos como prefeito de Campina Grande, celebrou aliança com o PT, que teve repercussão nacional e o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sua vice na chapa foi a sindicalista Cozete Barbosa. No fecho do primeiro discurso pronunciado como deputado, Cássio exortava: “Não podemos falhar, não podemos errar. A esperança última do povo está nesta Casa. A expectativa e o sonho de um novo Brasil circulam pelos corredores deste Congresso. Está nas mãos de poucos brasileiros, entre os quais estou incluído, a responsabilidade de viabilizar este País. Não podemos falhar, sob pena de sermos condenados pela História”.