Da Redação, com agências
Ao participar de um debate sobre o coronavírus, ontem, o governador do Piauí, Wellington Dias, do PT, ressaltou a necessidade de fortalecimento do Estado, tal como apregoado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Eu fiz algumas viagens internacionais. O mundo sente falta de um líder como o Lula”, salientou Dias. O governador comentou sobre a necessidade de atuação do governo diante da crise gerada pela pandemia de Covid-19, abordando, inclusive, fatores socioeconômicos que estão se refletindo junto à população.
“Quem vai ter que botar a cara para dar o primeiro passo e fazer a economia rodar é o poder público”, expressou. Para Wellington Dias, “líderes como o ex-presidente Lula são necessários em todo o mundo, não só pelo que ele fez no Brasil, mas pela capacidade de diálogo”. Ele sugeriu que a crise da pandemia deve levar as pessoas a refletir sobre a hiper-valorização do capital e o papel do Estado na sociedade. “Eu acho que pós-coronavírus nós vamos ter uma outra sociedade. Essa sociedade do ódio vai voltar pro seu lugar”, arriscou.
O governador se referiu à atuação da sua administração na conjuntura de crise, informando que já está providenciando um pedido de verba de R$ 1 bilhão para agir emergencialmente. “Tem que recuperar estradas, fazer casas, recuperar sistemas d’agua. Quem chega nos mais pobres, nos que mais precisam, é o Estado”, concluiu. Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva relembrou, ontem, a data em que foi preso pela Polícia Federal em São Bernardo do Campo (SP) após condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava-Jato, dois anos atrás. “Hoje é uma data simbólica. Há exatamente dois anos, mais ou menos nesse horário, eu estava me entregando na Polícia Federal em Curitiba”, escreveu ele, nas redes sociais.
No dia 7 de abril de 2018, Lula deixou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em São Bernardo do Campo para se entregar à Polícia Federal e seguir para a prisão da Lava-Jato, cerca de seis horas depois de seu comício. O político foi preso para o cumprimento da pena de 12 anos e um mês no caso tríplex, determinada pelo juiz federal Sérgio Moro, em uma sala reservada na sede da PF em Curitiba. Apesar de Moro ter sugerido ao petista que se apresentasse até às 17h do dia 6, Lula não arredou pé do sindicato, onde passou duas noites e fez seu último comício antes do cárcere. Moro vetou, expressamente, o uso de algemas. Lula, no entanto, se entregou após quase dois dias de negociação intensa. “Tomei a decisão de me entregar para provar que o Moro e a Força Tarefa da Lava-Jato eram mentirosos. Provamos. E vamos provar muita coisa ainda”, afirmou o ex-presidente, em seu perfil.
Em conversa com políticos, ontem, o ex-presidente afirmou que a única maneira de lidar com a crise do coronavírus é por meio de um Estado forte e determinado a ajudar a população. “O momento não é de discutir dívidas, é de discutir como salvar vidas”, preconizou. O ex-presidente lembrou que o SUS de São Paulo tem uma estrutura muito bem pensada, mas falta investimento para que a população possa ter o auxílio necessário. “Muitos países ricos não têm um sistema bem bolado como o SUS”, frisou. O petista lembrou, porém, que a falta de verba para o programa é um problema antigo. “Quando eu era presidente, tiraram 40 bilhões de reais por ano. Foram quase 160 bilhões de reais que a gente tinha assumido o compromisso de colocar todo na saúde”. Ele disse que há uma verdadeira guerra sanitária no país e que as pessoas mais carentes precisam sobreviver para evitar ser infectadas pelo vírus. “A gente percebe que falta tudo”, assinalou.