O jornal “Folha de S. Paulo” destaca que o São João, maior festa popular do Nordeste, que ocorre em junho, foi cancelado em vários Estados. Em alguns casos, pela primeira vez, terá sua versão fora de época no final deste ano, informa texto de Mário Bittencourt, citando o exemplo de Campina Grande, na Paraíba, que reúne 2 milhões de pessoas. Ali, o evento foi reprogramado para ocorrer entre nove de outubro e oito de novembro, em consequência da prioridade que as autoridades municipais estão dando ao enfrentamento ao novo coronavírus. Além da “Folha”, outros órgãos da mídia sulista destacaram o impacto que a doença provocou nas festas juninas, lembrando que elas costumam atrair turistas do mundo inteiro.
“Adiar a trigésima sétima edição do “maior São João do mundo” para o final do ano foi o jeito que a prefeitura de Campina Grande encontrou para atender tanto as recomendações de saúde, de evitar aglomerações, quanto aos grupos econômicos que lucram com o festejo, sobretudo o setor turístico. O festejo movimenta cerca de R$ 250 milhões. Em comunicado, a prefeitura declarou que a decisão buscou ouvir também o setor que envolve hotéis, restaurantes e agências de viagens e que o momento é de cuidados com a pandemia. “No tempo oportuno, haverá readequação da programação e da grade de atrações”, adiantou.
Com o adiamento dos festejos, o Parque do Povo, palco do evento em Campina Grande, poderá ser adaptado e, se preciso, transformado em hospital para abrigar infectados com o vírus. Com o avanço da doença na Paraíba, outras cidades do Estado decidiram cancelar ou suspender as festas locais de São João. A mesma situação ocorre com as dez cidades da Bahia que realizam as principais festas de São João do Estado, tanto públicas quanto privadas. O Estado tem 462 casos confirmados e 14 mortes em virtude da Covid-19. Ontem, em comunicado conjunto, as prefeituras de Senhor do Bonfim, Irecê, Seabra, Miguel Calmon, Amargosa, Cruz das Almas, Itaberaba, Santo Antônio de Jesus, Piritiba e Ibicuí anunciaram o cancelamento dos festejos juninos de 2020. Na Paraíba, prefeituras de cidades da região do brejo fizeram o mesmo anúncio, ontem. Entre os festejos cancelados no brejo está o de Bananeiras, que sempre atraiu grande público.
O prefeito Rogério Andrade, de Santo Antônio de Jesus, na Bahia, afirmou: “Estou muito triste e preocupado com toda a situação. Sei o quanto os festejos ajudam a impulsionar a economia local. Apesar de ser uma decisão difícil, é o caminho certo a seguir para que possamos frear a disseminação do vírus”. O gestor observou que mesmo com o planejamento adiantado, algumas medidas como contratação de bandas, estrutura e lançamento de editais culturais relativos aos festejos precisam de tempo para serem efetivados. O cancelamento com antecedência, nesse sentido, é necessário, segundo ele, “para evitar prejuízos ainda maiores para o comércio local, ambulantes e demais pessoas que investem na aquisição de produtos para esta época do ano”. Em Caruaru, Pernambuco, que rivaliza com Campina Grande nos festejos juninos, não há manifestação oficial da prefeitura sobre qualquer mudança na programação.