Nonato Guedes
A promoção de lives (transmissão via redes sociais) com shows improvisados tem sido uma marca registrada de artistas de renome durante o atual período de quarentena provocado pela pandemia do coronavírus, como forma de quebrar o isolamento social e levar um pouco de alegria para milhares de pessoas. Ontem, a live comandada pela cantora de músicas sertanejas e de “sofrência” Marília Mendonça alcançou expressivo índice de visualizações e acessos na web e a artista pôde anunciar a doação de R$ 50 mil arrecadados para o Hospital Universitário da Paraíba. Ela já se apresentou como uma das atrações do São João de Campina, que este ano, em princípio, está adiado para outubro/novembro.
Os primeiros minutos da live de Marília Mendonça travaram o You Tube com tantos acessos simultâneos – ao longo da noite a audiência ultrapassou a marca de três milhões de pessoas. O show durou mais de três horas, arrecadou recursos em campanha contra o novo coronavírus e contou com intérpretes de libras, que encantaram a internet dançando com as canções. De acordo com Marília, a live obteve mais de 225 toneladas de alimentos, duas toneladas de produtos de limpeza, 250 quilos de pão, 3.600 litros de refrigerante, 100 litros de tinta para construção, 10 toneladas de batata frita, duas toneladas de argamassa. O cantor Léo Santana entrou em contato para anunciar a doação de 500 cestas básicas, segundo informações do UOL.
O pai do cantor Gabriel Diniz, que morreu precocemente, Cizinato Diniz, anunciou um especial na web. No anúncio, Cizinato brincou com uma parte da famosa música de seu filho, Jenifer: “não é uma live, mas poderia ser”. O “Especial GD Em Casa” tem como objetivo arrecadar fundos para ajudar pessoas que mais estão sofrendo com a pandemia do coronavírus. Os momentos do ex-cantor vão ao ar no canal do Youtube no dia 16 de abril, às 20h. Karoline Calheiros, ex-noiva do músico, também anunciou o especial em suas redes sociais, lembrando que ousadia, alegria e espalhar o bem sempre foram marcas registradas de Gabriel Diniz. “Vamos reviver momentos inesquecíveis e curtir algumas cenas inéditas, em um especial cheio de emoção, boas lembranças e um grande propósito: ajudar a quem precisa”. A morte do cantor Gabriel Diniz já completou dez meses.
A ideia de promoção de “lives” no período de quarentena não é consenso no meio artístico. Jorge de Altinho publicou, por exemplo, que não vai fazer show por redes sociais porque tem mais de 60 anos, integrando o grupo de risco em relação ao coronavírus e tem tido cuidado redobrado, estando há quase 30 dias sem sair de casa em Altinho. “Não vou pedir a músicos, técnicos e cinegrafistas que venham até mim, quando a recomendação é ficar em casa”, revelou, acrescentando que não toca instrumentos. “Arranho um violãozinho safado rsrs (mesmo assim, nem trouxe) e não me sentiria à vontade de fazer um show virtual sem os músicos que me acompanham há tanto tempo. Quem me conhece sabe como tenho zelo com os arranjos das músicas, a boa execução, os ensaios, e não faria diferente agora”.
O sambista Zeca Pagodinho já informou que não fará nenhum show virtual durante a quarentena. Diz Zeca Pagodinho: “Queria poder tocar um samba, mas não sei tocar, não tem quem toque… Estou aqui nesta quarentena, respeitando, esperando que todo mundo também respeite para que isso daqui a pouco passe e eu volte aos palcos para a gente cantar nosso samba com palmas, drinks e brindes”. Isolado em sua casa, o artista informou que está ao lado da família escutando discos antigos para passar o tempo, fitas K-7 que resgatou dos arquivos e rezando bastante para que tudo passe.