Kubitschek Pinheiro
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Quando li o conto “Feliz Ano Novo”, de Rubem Fonseca, final da década de 70, toda aquela tragédia antes ou durante do espocar da Chandon, tive medo de se apaixonar por ele.
Ontem, que o vi falando para operários, gritando um viva ao trabalho e a leitura, me apaixonei de novo. Rubem foi censurado em 1975, com o livro de contos “Feliz Ano Novo”, mas ele não desistiu de suas críticas e suas obras alcançaram e continuam chegando a cada vez mais leitores. Rubem era nosso Nietzsche.
O que mais choca nos romances e contos de Rubem Fonseca é o amoralismo dos bandidos. Em nenhum momento eles são atormentados por qualquer remorso ou culpa. São os mesmos de hoje e amanhã, perversos e frios, venham dos andares de cima ou das camadas populares.
As cidades cenários parecem vazias de inquietação, a não ser por alguns indivíduos que, em meio ao horror, agem movidos por um sentimento qualquer de justiça. Ai sim, aí não.
A relação entre “mocinho” e “bandido” está presente em suas obras, contudo não nos é possível identificar exatamente quem é um e quem é o outro, pois há uma grande circulação entre ambos.
Muito bom “Bufo & Spallanzani”, os romances “Agosto”, e “E do meio do mundo prostituto só amores guardei ao meu charuto”, este, comprei por cinco reis recentemente, num sebo da cidade.
Queria que meu filho lesse “O caso Morel ou “A grande arte” de Rubem Fonseca.
Aqui no centro da tela, rumando para outros limites com os faróis acesos a me mostrar que a capital pequena cresceu sufocada, (hoje fechada), minha alma nem vai não vem na densidade da vegetação. Onde é a saída, Rubem Fonseca? “A coerência é uma característica vegetal que felizmente não possuo”, disse ele e zarpou sem olhar para o caos.
Kapetadas
1 – Nossa, como você fica linda com máscara!
2 – O Brasil de Rubem Fonseca nunca vai deixar de existir.
3 – Se agarre à esperança que você tem, porque não há outra mesmo.