Recém-demitido do ministério da Saúde pelo presidente Jair Bolsonaro, o ex-deputado federal e médico Luiz Henrique Mandetta vai assumir um cargo de conselheiro nacional no Democratas, partido ao qual é filiado., A informação foi dada pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do DEM, responsável pela indicação de Mandetta ao Ministério da Saúde no passado recente, quando ainda era aliado do presidente Jair Bolsonaro. A entrevista que Mandetta concedeu ao “Fantástico”, da TV Globo, considerada como gota d’agua para sua fritura e exoneração por Bolsonaro, ocorreu no Palácio das Esmeraldas, sede do governo que Caiado preside.
O governador de Goiás informou ter havido um acordo para abrigar Mandetta na legenda depois da sua rumorosa saída do governo federal. Assim sendo, o ex-ministro não participará de governos estaduais e tentará evitar interpretações de que teria utilizado o ministério para ajudar aliados políticos. Além do governador de Goiás, o de São Paulo, João Doria, do PSDB, tinha demonstrado interesse em trabalhar com Mandetta, cuja postura na Pasta avaliou como correta, baseada em informações científicas. Atualmente rompido com Bolsonaro, Caiado evitou criticar a decisão do presidente de demitir Mandetta em meio à pandemia do novo coronavírus, mas enfatizou que o ex-ministro deixou um legado “ao conseguir achatar a curva do avanço do vírus”.
Caiado manifestou esperar que o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, dê continuidade ao trabalho do afilhado. “Espero que o novo ministro tenha a mesma sensibilidade e que tenha sucesso, sabendo que essa luta ainda tem muitas etapas pela frente”, enfatizou o governador. Caiado declarou que os números de infectados por Covid-19 foram achatados graças a medidas de contenção tomadas pelo ministério da Saúde e governadores. “Diante de uma pandemia que ninguém sabia como enfrentar, Mandetta entrega o Brasil hoje com resultados superiores a todos os outros países muito mais desenvolvidos que o nosso. Às vezes, as pessoas não entendem bem, mas ao achatar a curva, que para alguns virou o problema, ele conseguiu a salvação de milhares de brasileiros”.
Luiz Henrique Mandetta foi demitido quando estava com índice de 76% de aprovação junto a camadas da sociedade brasileira. A sua exoneração, depois de desgastante relação com o presidente da República, provocou panelaços e gritos de “Fora, Bolsonaro” em bairros do Rio de Janeiro e de São Paulo. O ex-ministro não conseguiu levar à frente uma de suas grandes metas – a execução do programa substituto do “Mais Médicos”. Em conversa com assessores e pessoas de confiança, Luiz Henrique Mandetta queixou-se de ingratidões sofridas no exercício do cargo, aludindo, especificamente, a gestos de hostilidade do presidente Jair Bolsonaro.