Nonato Guedes, com agências
Reunidos em videoconferência, ontem, os nove governadores do Nordeste pleitearam ao novo ministro da Saúde, Nelson Teich, a autorização para que os brasileiros formados em Medicina no exterior atuem no país para reforçar a assistência na fase de calamidade da pandemia do novo coronavírus. A solicitação foi feita em carta assinada pelos representantes dos Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Os gestores também solicitaram a participação do ministro em reunião virtual – convite que foi aceito prontamente.
A videoconferência com Teich será realizada na próxima segunda-feira, 20, às 16h, conforme divulgou a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), em seu perfil no Instagram. Na reunião, de acordo com a governadora, será apresentado um panorama do cenário atual do coronavírus no Nordeste. Ao se empossar no ministério, substituindo a Luiz Henrique Mandetta, que foi exonerado pelo presidente Jair Bolsonaro, Teich manifestou o interesse de agir em articulação com governadores de Estados e prefeitos municipais, a fim de que as ações desencadeadas pela Pasta sejam mais eficazes.
Sobre a atuação dos médicos formados no exterior, os governadores explicaram que a medida resulta de uma recomendação do Comitê Científico do Consórcio do Nordeste para que seja criada uma Brigada Emergencial de Saúde, com a ampliação do quadro dos profissionais de área, para combate e prevenção ao coronavírus (Covid-19). O governador da Bahia, Rui Costa, presidente do Consórcio do Nordeste, revelou que a estimativa é de que haja, pelo menos, 15 mil profissionais nessa situação, aptos a se somar aos médicos já inseridos no atendimento aos pacientes hospitalizados. A proposta é que os médicos formados no exterior atuem sob supervisão e com registro de trabalho provisório.
– Tivemos mais uma reunião dos governadores do Nordeste e desta vez com a participação do Comitê Científico. Foi sugerida uma medida importantíssima que é a autorização provisória para que os brasileiros que fizeram curso de Medicina em vários países do mundo possam atuar aqui, no Brasil. São quinze mil médicos e médicas que podem ajudar o país, de imediato, nessa pandemia – esclareceu o governador baiano. Rui Costa ressalta, ainda, que a proposta resulta do reduzido número de médicos no Brasil, classificado, em pesquisas internacionais e nacionais, como abaixo do quantitativo adequado e inferior ao disponível em outros países de sistema universal de saúde. Além disso, a carta dos governadores destaca ainda a má distribuição desses profissionais no território nacional, com grande vazio assistencial no Nordeste e no interior dos Estados. A sugestão é que a validação dos diplomas ocorra através de programa de complementação curricular e de avaliação na modalidade ensino-serviço, a ser realizado pelas universidades públicas, inclusive as estaduais.