Nonato Guedes, com agências
O governador da Paraíba, João Azevêdo (Cidadania), é um dos signatários da carta aberta divulgada por governadores no domingo (19.abr.2010) repudiando participação e discurso do presidente Jair Bolsonaro em ato pelo fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal e contra as medidas de isolamento social pela pandemia do coronavírus. A carta hipoteca apoio aos presidentes da Câmara Federal, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, ambos do Democratas, e está em nome do Fórum de Governadores mas foi assinada por gestores de 20 Estados. Não assinaram o documento os governadores do Acre, Amazonas, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Rondônia e Roraima.
Firmaram a carta os governadores de Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins. A íntegra do documento: “Nesse momento em que o mundo vive uma das suas maiores crises, temos testemunhado o empenho com que os presidentes do Senado e da Câmara têm se conduzido, dedicando especial atenção às necessidades dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios brasileiros. Ambos demonstram estar cientes de que é nessas instâncias que se dá a mais dura luta contra nosso inimigo comum, o coronavírus, e onde, portanto, precisam ser concentrados os maiores esforços de socorro federativo”, diz trecho do documento.
Os gestores dos Estados brasileiros também afirmam que diante da pandemia da covid-19 deve-se “superar eventuais diferenças políticas” através do esforço do diálogo democrático e desprovido de vaidades. “A saúde e a vida do povo brasileiro devem estar muito acima de interesses políticos, em especial neste momento de crise”, afirmam. Salientam, ainda, que as medidas de isolamento decretadas se dão com base em “indicativos da ciência, por orientações de profissionais da saúde e pela experiência de países que já enfrentaram etapas mais duras da pandemia”. Bolsonaro tem frequentemente criticado com dureza os governadores por eles não adotarem medidas que flexibilizem o isolamento decretado por causa da covid-19, como a determinação de abertura de atividades comerciais.
Pelo Twitter, alguns governadores repudiaram a participação do presidente da República em atos pedindo a volta da intervenção militar e do AI-5. Wellington Dias, do Piauí, afirmou: “Um presidente da República participar de um ato em defesa de um golpe militar e afrontando a Constituição em frente aos três Poderes? O que mais esperar?”. Camilo Santana, do Ceará, ressaltou: “Inaceitáveis e repugnantes atos que façam apologia à ditadura e que promovam o desrespeito às instituições democráticas, como vimos hoje pelo país. O Brasil não se curvará jamais a esse tipo de ameaça”. Wilson Witzel, do PSC do Rio de Janeiro, revelou: “Em vez de o presidente incitar a população contra os governadores e comandar uma grande rede de fakenews para tentar assassinar nossas reputações, deveria cuidar da saúde dos brasileiros. Seguiremos na missão de enfrentamento do Covid-19”.