Nonato Guedes, com agências
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve reunido, ontem, com deputados e senadores petistas, bem como com o ex-candidato a presidente da República Fernando Haddad, deliberando, ao final, que a bancada do Partido dos Trabalhadores no Congresso Nacional vai elevar os decibéis e endossar os pedidos de “Fora, Bolsonaro”. Depois do encontro, os principais líderes do PT fizeram uma transmissão ao vivo comentando a estratégia a ser adotada. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que o governo que está aí não tem condições de coordenação política, não tem propostas para proteger o povo e a vida e não tem proposta para a economia quando passar a pandemia do coronavírus.
“A bancada, diante da avaliação do quadro, está tirando como sugestão ao diretório nacional e à direção que a gente tem que subir o tom e dizer que com esse governo não dá e, portanto, é fora, Bolsonaro”, revelou Gleisi, que é deputada federal pelo Paraná. O ex-presidente Lula já sinalizou que pretende fazer um duro pronunciamento no dia primeiro de maio, Dia do Trabalhador, para avaliar o impacto econômico e social da crise do coronavírus e criticar a inação do governo do presidente Jair Bolsonaro em face do colapso do mercado de trabalho e do crescimento do desemprego. Lula já chegou a pleitear exame de “sanidade mental” do presidente da República, diante da postura agressiva que tem demonstrado, inclusive incitando grupos de apoiadores a manifestações pela volta do AI-5.
Em mais de trinta minutos de conversa, entretanto, os petistas não mencionaram a palavra “impeachment” e não detalharam como pretendem defender a saída de Bolsonaro do cargo, se cobrando a renúncia, pedindo impeachment ou por meio de ações judiciais. O líder do partido na Câmara, Ênio Verri, fez coro à fala de Gleisi e declarou que a bancada entende que é hora de dar o basta e dar o grito de fora, Bolsonaro. Já Carlos Zaratini, líder da minoria no Congresso, afirmou que Bolsonaro “quer um golpe de direita, quer fechar o Congresso, o STF e quer impedir a democracia no nosso país”. Segundo ele, diante disso, o PT decidiu empunhar a palavra de ordem “fora, Bolsonaro”.
Entre analistas políticos, o consenso é o de que, ao não definir uma estratégia além da palavra de ordem, o PT ainda deixa aberta a discussão sobre pedir ou não o impeachment de Bolsonaro. Mesmo na oposição – informa o site “Congresso em Foco” – há quem discorde dessa estratégia por avaliar que a abertura de um processo de impedimento poderia levar à reorganização da base bolsonarista, o que acarretaria muito desgaste e um eventual fortalecimento político do presidente. A coluna de Bela Megale no jornal O Globo de ontem informa que o duro discurso de Lula contra Bolsonaro deve ser exibido pela redes sociais no feriado de primeiro de maio. Na opinião de Gleisi, “Lula é a principal voz política que temos, o povo confia nele, por isso é importante que ele faça uma manifestação. A bancada pediu que Lula fizesse um posicionamento mais formal. Ele ficou de avaliar, mas tudo indica que fará”, comentou.