Cinco deputados estaduais do PSL de São Paulo protocolaram na tarde de ontem um pedido de impeachment do governador João Doria (PSDB), justificando que se baseiam no acordo anunciado pelo gestor tucano com as operadoras de telefonia celular para o levantamento de índices de isolamento social durante a pandemia do novo coronavírus e na fala do chefe do Executivo de que “poderia prender o cidadão que desobedecer à quarentena”. O PSL foi o partido pelo qual Jair Bolsonaro – desafeto de Doria na atual conjuntura – se candidatou a presidente da República em 2018. Os signatários do pedido de impeachment de Doria são os deputados Frederico D’Avila, Gil Diniz, Douglas Garcia, Major Mecca e Valéria Bolsonaro.
Em nota, o deputado D’Avila ainda cita o uso de um helicóptero do Comando de Aviação da Polícia Militar pelo governador, a restrição ao consumo de alimentos em restaurantes, a participação de Doria em eventos esportivo e político, além da “falta de publicidade dos contratos da Fundação Padre Anchieta”. O pedido deverá ser analisado pelo procurador-geral da Assembleia Legislativa do Estado e, caso o texto tenha parecer favorável, caberá ao presidente da Casa, o deputado Cauê Macris (PSDB), partidário do governador, a decisão de aprovar ou arquivar o pedido. Ontem, o governo de São Paulo lançou o plano de retomada da atividade econômica, que começa a valer em 11 de maio. Além disso, o governador João Doria afirmou que a fila para testes para covid-19 no Estado foi zerada, criticou protestos na capital e disse que orientou a secretaria de Segurança e a prefeitura a impedir o bloqueio de ruas que dão acesso a hospitais.
Segundo informa o jornal “O Estado de S. Paulo”, em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, Doria anunciou que o término da quarentena deverá respeitar um cronograma por fases e será diferente para cada região, dependendo da disponibilidade de leitos nos hospitais. Serão criados três níveis conforme o avanço da covid-19: zona vermelha, amarela e verde. Hoje, não existe nenhuma cidade na zona verde. Para traçar o plano foram estudados os casos de outros países e analisadas estatísticas locais, segundo explicou o secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann. Ele falou que foram usadas oito referências que tratavam de temas como a diminuição de novos casos, aumento do número de testes, capacidade de leitos da rede pública de saúde. Serão respeitadas realidades divergentes de municípios e regiões. Dirigindo-se a deputados, prefeitos, vereadores e entidades, o governador Doria afirmou que até o final da quarentena nada mudará. Há pressão de vários setores para retomada do comércio.