Nonato Guedes, com agências
A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, deputada Gleisi Hoffmann, afirmou que o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, confessou crimes e delatou o presidente Jair Bolsonaro ao se pronunciar após se demitir do cargo. “Tinha de sair da entrevista direto para depor na Polícia Federal”, avaliou a deputada pelo Paraná. O comentário de Hoffmann foi divulgado no site oficial do PT junto a posições de outros petistas. Ela acentuou: “A entrevista de Moro é uma confissão de crimes e uma delação contra Bolsonaro: corrupção, pagamento secreto de ministro, obstrução de justiça e prevaricação”.
Para Gleisi, Sergio Moro saiu do governo menor que entrou, pois teria acobertado crimes de corrupção por parte da família Bolsonaro, mesmo sendo considerado herói pelos brasileiros. “Sai humilhado depois de fazer o serviço sujo. Mas uma pergunta o perseguirá: Cadê o Queiroz, Sergio Moro?”, questionou. Na mesma linha de raciocínio, o ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou: “Os ministros, especialmente os militares que ainda respeitam esse país, deveriam renunciar a seus cargos e forçar a renúncia do presidente. O impeachment é processo longo. A crise sanitária e econômica vai se agravar se nada for feito”.
Fernando Haddad foi candidato a presidente da República em 2018 pelo Partido dos Trabalhadores. Em seu pronunciamento na sexta-feira sobre a demissão, Sergio Moro declarou que a exoneração do ex-diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, não lhe foi comunicada e confirmou crimes de responsabilidade que teriam sido cometidos por Bolsonaro. Já o senador Humberto Costa, do PT de Pernambuco, comentou: “Ele (Sergio Moro) é a principal testemunha dos crimes de responsabilidade cometidos pelo chefe do Executivo. Não há outro caminho senão o do impeachment”. O procurador da República aposentado Carlos Fernando dos Santos Lima, coordenador da força-tarefa da Lava Jato entre 2014 e 2018, afirmou em entrevista a “O Globo”, publicada hoje, que o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade muito mais grave que o da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) ao tentar interferir na Polícia Federal.
– Crime de responsabilidade, não tenho dúvida. Muito mais grave do que os da Dilma. Mas o crime de responsabilidade é um conceito muito fluido, e de natureza política. O fato de querer tomar conhecimento, de forma irregular, de informações sigilosas de inquéritos que tramitam em outro poder, para tomar atitudes em relação a beneficiar seus filhos, me parece um crime de responsabilidade claro – enfatizou Carlos Fernando. Para ele, a decisão de Moro de sair do governo foi correta. Apesar das críticas, o procurador confessa que votou em Bolsonaro no segundo turno das eleições em 2018. Alegou que não havia opções no cenário daquela disputa.