O Dia do Trabalho, que transcorre hoje, não enseja comemorações no Brasil – tanto por causa das medidas de prevenção para controle do coronavírus como porque a realidade de desemprego é desoladora. A taxa do desemprego no país subiu para 12,2% no primeiro trimestre, na comparação com o último trimestre de 2019, atingindo 12,9 milhões de pessoas. Segundo analistas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ainda não é possível medir o impacto do coronavírus sobre esse resultado, já que os dados são dos meses de janeiro a março.
A alta do desemprego foi de 1,3 ponto percentual sobre o trimestre anterior (10,9%), o que representa 1,2 milhão de pessoas a mais na fila por um emprego. Os dados fazem parte da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, divulgada ontem pelo IBGE. A pesquisa não utiliza somente os trimestres tradicionais, mas períodos móveis como fevereiro, março e abril; março, abril e maio, etc. A analista da pesquisa Adriana Beringuy afirmou: “Esse crescimento da taxa de desocupação já era esperado. O primeiro trimestre de um ano não costuma sustentar as contratações feitas no último trimestre do ano anterior. Essa alta na taxa, porém, não foi a das mais elevadas. Em 2017, por exemplo, registramos 1,7 p.p.”.
Ainda não foi possível mensurar se as medidas de isolamento social, provocadas pela pandemia do novo coronavírus, refletiram na taxa de desemprego do trimestre, fechado em março, segundo Beringuy. A analista adiantou que grande parte do trimestre ainda está fora desse cenário. A maioria dos Estados decretou o isolamento social a partir da segunda quinzena de março. “Não posso ponderar se o impacto da pandemia foi grande ou pequeno, até porque falamos de um trimestre com movimentos sazonais, mas de fato para algumas atividades ele foi mais intenso”, comentou. Por causa do isolamento social, os dados da Pnad Contínua estão sendo coletados pelo IBGE somente por telefone e não mais presencialmente.
A taxa de informalidade atingiu 39,9% da população ocupada, representando 36,8 milhões de trabalhadores. No trimestre móvel anterior, essa taxa havia sido 41% e no mesmo trimestre do ano anterior 40,8%. O rendimento médio real dos brasileiros ficou em R$ 2.398. O valor permaneceu estável em comparação com o trimestre móvel anterior e com o primeiro trimestre do ano passado. A Pnad Contínua é realizada em 211.344 casas em cerca de 3.500 municípios. O IBGE considera desempregado quem não tem trabalho e procurou algum nos 30 dias anteriores à semana em que os dados foram coletados. Existem outros números sobre desemprego, apresentados pelo Ministério da Economia, com base no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Os dados são mais restritos porque consideram apenas os empregos com carteira assinada.