Nonato Guedes
Em vídeo publicado nas redes sociais o presidente do Conselho Federal de Medicina, Mauro Ribeiro, qualificou de “atitude covarde” a solicitação feita por governadores do Nordeste para que o governo federal autorize a atuação de médicos brasileiros formados no exterior, mesmo sem diplomas revalidados no país, no combate ao novo coronavirus. O pedido foi encaminhado pelos governadores da região no mês de abril. “Vejo essa atitude como uma situação de traição desses governadores, com argumentos falaciosos, com argumentos mentirosos, se aproveitando do momento de maior ameaça da história da nossa sociedade em relação a uma doença terrível, altamente transmissível e de uma letalidade muito rápida para aprovarem algo totalmente desprezível”, afirmou Mauro Ribeiro.
De acordo com o presidente do Conselho Federal, atualmente existem 54 mil acadêmicos de medicina e três mil residentes cadastrados que se voluntariaram para prestar atendimento sob supervisão durante a pandemia. Por isso, afirma, nãohá necessidade de buscar brasileiros no exterior sem que eles mostrem nenhum tipo de conhecimento médico. Ribeiro ainda afirma que existem boas faculdades em países vizinhos como Paraguai e Bolívia, mas que há faculdades em Pedro Juan Caballeiro, na fronteira com o Mato Grosso do Sul, e em Ciudaddel Leste, na fronteira de Foz do Iguaçu, que são de péssima qualidade.
– Não existe a menor condição de um processo de ensino e aprendizagem na complexidade que exige a medicina – asseverou, acrescentando: “São graduandos formados para exportação no Brasil”. O presidente do CFM igualmente acusou o consórcio de governadores de se valer da argumentação mentirosa para criar um casuísmo e amparar pessoas incompetentes que não conseguem passar no Revalida (exame nacional exigido para que possam exercer a profissão no Brasil). E também enfatiza que o CFM “não tem nenhum sentimento xenofóbico em relação a esses brasileiros”.
Para Mauro Ribeiro, o que os governadores tinham que fazer, ao invés de “ficar fazendo política barata, baseada em argumentos mentirosos”, era garantir para os médicos, para os enfermeiros, para os técnicos de enfermagem, para os fisioterapeutas, para o pessoal da limpeza, para todos os que nesse momento estão nos hospitais enfrentando essa pandemia, garantir EPIs que deem o mínimo de segurança para que esses profissionais possam atuar. Salienta que hospitais públicos já enfrentam dificuldades para contratar profissionais de saúde para trabalhar em UTIs destinadas a pacientes com Covid-19 e faltam médicos, fisioterapeutas e técnicos de enfermagem para a missão.