A Polícia Federal indiciou na tarde de ontem o ex-governador de Minas Gerais e atual deputado federal Aécio Neves (PSDB) e outras onze pessoas por corrupção passiva e ativa, desvio de recursos públicos e falsidade ideológica, por ilegalidades cometidas durante a construção da Cidade Administrativa de Minas Gerais. De acordo com o relatório da PF, entregue à Justiça Estadual, o processo de licitação foi dirigido para que um grupo de empreiteiras vencesse a licitação. Há, ainda, indícios de desvio de recursos públicos através de contratações fictícias, cujas prestações de serviços não foram executadas na obra.
A investigação apontou que o prejuízo aos cofres públicos totalizou quase R$ 747 milhões. Os onze indiciados juntamente com Aécio Neves são representantes de empreiteiras envolvidas. Inicialmente, a construção da Cidade Administrativa foi orçada em R$ 900 milhões. O Tribunal de Contas do Estado afirma que o custo da obra passou de R$ 1,8 bilhão. Em delação premiada no final de 2016, o ex-diretor superintendente da Odebrecht em Minas, Sérgio Neves, denunciou um suposto esquema de desvio de dinheiro público durante as obras do complexo administrativo. Segundo o delator, o então presidente da Companhia de Desenvolvimento de Minas, Oswaldo Borges, determinou que 3% de um contrato com a Odebrecht, Queiroz Galvão e OAS iriam para Aécio Neves, para futuras campanhas políticas. O contrato era de R$ 360 milhões.
“Ele determinou que adicionalmente nós deveríamos contemplar duas empresas locais”, disse o ex-diretor da Odebrecht Sérgio Neves, em dezembro de 2016. As duas empresas seriam as construtoras Cowan e Alicerce. O delator disse que elas foram subcontratadas, mas, para não fazer nada. Sérgio Neves afirmou: “Custou R$ 5 milhões no contrato. Fizemos um contrato de prestação de serviços no valor de R$ 5 milhões fictícios com a Cowan e um outro, vultuoso, com a Alicerce, um contrato de consultoria sem a prestação de serviços”. Em nota, a defesa de Aécio Neves revelou que o indiciamento, além de absurdo por contrariar as investigações da própria Polícia Federal que não apontaram qualquer irregularidade cometida por ele, é flagrantemente ilegal, pois o inquérito encontra-se suspenso pelo DTJ para dirimir conflito de competência. “É importante registrar que as obras foram auditadas por empresa independente e seu edital previamente apresentado ao TCE e ao Ministério Público. A defesa confia que a Justiça demonstrará o absurdo da acusação”, concluiu.