Os governadores da Bahia, Ceará, Pernambuco, Maranhão, Pará, Espírito Santo e Rio de Janeiro declararam na noite de ontem que vão ignorar o decreto do presidente Jair Bolsonaro que sabota o isolamento social necessário para o enfrentamento ao coronavírus. Mais cedo, ontem, Bolsonaro publicou um decreto classificando como atividades essenciais academias, salões de beleza e barbearias, na tentativa de flexibilizar as medidas de distanciamento, a cargo de governadores e prefeitos, conforme decisão que havia sido tomada pelo Supremo Tribunal Federal.
O governador petista da Bahia, Rui Costa, anunciou que as medidas restritivas serão mantidas respeitando critérios científicos reconhecidos mundialmente. “A Bahia vai ignorar as novas diretrizes do governo federal. Manteremos o nosso padrão de trabalho e responsabilidade. O objetivo é salvar vidas e não iremos nos afastar disso”, revelou Costa, textualmente, no Twitter. Já o governador do Pará, Hélder Barbalho (MDB) e o do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), também afirmaram que vão ignorar o decreto de Bolsonaro e seguirão com suas medidas de isolamento por considerar que elas são eficazes e adequadas, na conjuntura atual, para evitar a disseminação de covid-19.
Paulo Câmara, do PSB, governador de Pernambuco, disse que as próximas semanas “exigirão restrições ainda mais duras” e que “não é razoável admitir o contrário”. Por isso mesmo, enfatizou, academias, salões e barbearias continuarão fechados no seu Estado. “Aqui, só seguirão funcionando os serviços realmente essenciais, garantindo acesso a alimentos e medicamentos, por exemplo”, observou Câmara. Camilo Santana (PT), governador do Ceará, foi outro que se valeu de rede social para afirmar que os decretos de Bolsonaro não alteram a situação no Estado e que os estabelecimentos continuarão fechados. “Esse ato (decreto de Bolsonaro) em nada altera o atual decreto estadual em vigor no Ceará”, frisou.
No Rio, a assessoria do governador Wilson Witzel, do PSC, informou que o Estado crê que a decisão do STF dando autonomia para governadores legislarem sobre o tema dá segurança para a manutenção das restrições. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), criticou a medida do presidente e disse que nada muda pelo menos até o dia 20. Ele chegou a ironizar no Twitter: “O próximo decreto de Bolsonaro vai determinar que passeio de jet-ski é atividade essencial?”, referindo-se ao passeio feito pelo presidente no lago Paranoá em Brasília no final de semana. Dino participa, hoje, de uma live organizada pela deputada estadual paraibana Cida Ramos (PSB) para discutir as medidas de enfrentamento ao coronavirus nos Estados. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) afirmou que vai avaliar o cenário e deve anunciar sua decisão nesta terça-feira, 12.