Kubitschek Pinheiro
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Desatino e desafino – nenhuma das duas palavras combinam comigo. O tempo faz rodopios. Permanecemos nem pandemia. Comecei a ler Os Bórgias, o último romance escrito por Mário Puzo – tardiamente, eu sei. É que não consigo largar o prazer do texto, o castelo de papel que me protege desse mundo cruel. Já é colapso e um tal de lockdown em todo canto. Faz tempo.
Leitura é a minha felicidade. Tipo um bom lugar para ler um livro – a Varanda Tropical, que não vive mais de maltes e lêvedos. Eu nem deveria estar escrevendo isso. É que são abomináveis as bobagens publicadas no ventre das redes socais. Impressionante. Os passageiros da agonia virtual só pensam na “força da grana que ergue e destrói coisas belas”.
Gosto do livro e com ele me livro de muita coisa. As palavras juntas formam uma árvore e seus frutos interpretados. É como ouvir uma música e entender a letra. Por ex: “O bruxo de Juazeiro numa caverna do louro francês”. #Caetano. Quem é o bruxo? Quem é o louro? A Bossa Nova é foda.
Transformers – não o filme, mas a sinfonia que chega com a voz do vento. Os significados mais fortes como pisar no barro, coragem para seguir. Disciplina junto à inteligência muito além de ser apenas um jeito de ser e apaixonar pelo prazer do texto. Em Stendhal, pelo contrário, as paixões se desdobram e engolem toda a realidade. Quem não leu “O Vermelho e o Negro”, 1830, não terá mais tempo.
Poucos combinam com as histórias narradas. Literatura não é paisagem, paisagem é outra fonte. Talvez o que nos doma essa fera tão antiga e nos faz viver um momento mais amplo, ser culto na vida, não apenas gauche, como sonhava o poeta Drummond.
Sacar é entender o sentido de gostar de ler, não como obrigação, mas como avanço intelectual que detona, se espalha, corre o mundo; um certo avanço que vai além de atitudes e instintos.
Quem sabe lendo mais eu chegue a dor de cada bairro, cada nome, amigo e amor.
Conheço gente que nunca lê, nunca vai ler. Que nunca vai saber. Nunca um livro fez parte da sua mesa, algo que lhe preencha a vida. Sequer um Gibi. Isso é triste. Muito triste. O resto eu não sei contar.
(Parenteses) Alguns acreditam que sobem derrubando o outro. Isso é a repetição do mau com u. A escada é outra. Outros carregam a cruz a vida toda. Não é por maldade, talvez por incompetência. Socorro, minha adorável Santa Tecla!