Nonato Guedes
Os meios políticos paraibanos relembram, hoje, o transcurso de dois anos da morte do ex-vice-governador, ex-deputado federal e ex-deputado estadual Rômulo Gouveia. Ele faleceu aos 53 anos de idade no hospital Antônio Targino, em Campina Grande, sua principal base política, fulminado por um ataque cardíaco, deixando viúva aex-deputada Eva Gouveia. Rômulo havia sido internado com diagnóstico de problemas urinários e chegou a ter alta após uma semana, mas diante de sintomas de infarto foi levado às pressas ao HAT, onde não resistiu. Foi velado e sepultado em Campina Grande com grande acompanhamento, em cortejo conduzido por soldados do Corpo de Bombeiros.
Em 2010, Rômulo Gouveia, então deputado federal, filiado ao PSDB, foi indicado candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Ricardo Coutinho (PSB), que lograra obter o apoio do senador Cássio Cunha Lima, expoente tucano de destaque no Estado, na disputa contra o governador José Maranhão (na época, no PMDB). Presidente da Assembleia Legislativa por duas vezes, Rômulo Gouveia ensaiava passos para concorrer à reeleição à Câmara Federal quando foi atropelado pelos acontecimentos. A sua participação na chapa, com o aval do grupo Cunha Lima, sinalizou o retorno de Campina Grande ao poder estadual.
Contando, na época, com mais de vinte anos de carreira política, Rômulo aceitou o desafio e lançou a mulher, Eva, à Assembleia Legislativa. Foi eleita. Originário de movimentos comunitários em Campina Grande, a exemplo de Sociedades de Amigos de Bairro, Rômulo Gouveia foi vereador, presidente da Câmara Municipal, deputado estadual e deputado federal. Em abril de 2011, protagonizou uma reviravolta ao anunciar sua desfiliação do PSDB e seu consequente ingresso no recém-criado PSD, articulado pelo então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Explicou, na época, diante de críticas sofridas, que estava reproduzindo o que Ronaldo Cunha Lima e Cássio Cunha Lima haviam feito ao deixar o PMDB por falta de espaços de convivência, ingressando no PSDB. Ou como Ricardo Coutinho, que migrara do PT para o PSB, depois de ser acusado de infidelidade partidária e de ter sido rifado nas hostes petistas como candidato a prefeito de João Pessoa. (Acabou disputando pelo PSB e saindo vitorioso).
Ex-candidato a prefeito de Campina Grande em 2004 e 2008, tendo perdido as duas eleições para Veneziano Vital do Rêgo, que era filiado ao PMDB, Rômulo Gouveia sentia-se incomodado com as divergências entre Cícero Lucena e Cássio Cunha Lima no PSDB como rescaldo da eleição de 2010. Além do mais, queixava-se que era desprestigiado pela cúpula nacional do PSDB e que não recebera um telefonema cumprimentando-o pela eleição a vice-governador, o que o deixou desgostoso. “Gosto de me sentir bem na legenda em que estou militando. Além de não me cumprimentar por ser vice-governador da Paraíba, a direção do PSDB não me ouve nas decisões referentes à Paraíba. É natural que procure me acomodar melhor”, justificou Rômulo. Na Câmara Federal, ocupou a terceira-secretaria da Mesa e também se destacou pela atuação em inúmeras comissões temáticas. Como presidente da Assembleia Legislativa, foi presença assídua em conclaves da Unale, a União Nacional dos Legislativos. Com seu decantado jogo de cintura, costumava dizer: “Em política, não tenho inimigos. Tenho adversários”.