O Sindicato de Jornalistas Profissionais da Paraíba repudiou, em nota, declarações feitas pelo empresário Roberto Cavalcanti, proprietário do Sistema Correio de Comunicação, que sugeriu que jornalistas e radialistas sejam “apedrejados” diante da divulgação de mortes causadas pelo novo coronavírus no Brasil. O ex-senador (Republicanos) disse que a imprensa comemora os óbitos decorrentes da covid-19 como se fossem “gols da seleção” brasileira. Filiado à Fenaj, o Sindicato de Jornalistas considerou chocantes as afirmações de Roberto, lembrando que a categoria foi considerada como serviço essencial durante a pandemia e continua trabalhando em seus postos normalmente.
A entidade ressaltou que em plena pandemia do coronavírus o empresário Roberto Cavalcanti anunciou o fechamento do jornal impresso “Correio da Paraíba”, deixando 38 jornalistas desempregados e sem perspectiva. Salientou, ainda, que como empresário há anos Cavalcanti vem se negando a negociar reajustes para a categoria e, na primeira oportunidade de flexibilização de direitos, realizou uma demissão em massa mesmo num momento no qual a proteção ao trabalhador deveria ser prioridade. As declarações, em tom de desabafo, foram feitas ´por Roberto Cavalcanti durante intervenção ao vivo, por telefone, no programa “Correio Debate”, mediado pelo radialista Nilvan Ferreira, na 98 FM. O ex-senador lembrou que, por integrar o grupo de risco, na atual fase de isolamento social, está há 62 dias recolhido à sua residência mas vem se informando minuciosamente sobre a pandemia de covid-19. A seu ver, o comportamento de alguns comunicadores em face das estatísticas da pandemia é deplorável.
As afirmações de Roberto Cavalcanti repercutiram nacionalmente em sites de prestígio como UOL Notícias, que registrou dados coletados pelo Ministério da Saúde sinalizando que a Paraíba contabilizava até as 19h de ontem 3.045 casos de coronavírus, com 157 óbitos. Mais tarde, Roberto Cavalcanti recuou e pediu desculpas, mas criticou o “assassinato de empresas” diante dos impactos econômic0s da pandemia do novo coronavírus no país. “Talvez eu me exaltei, peço desculpas. A minha forma de conduzir no dia a dia é da parcimônia, de agregar, de conquistar, mas tem momentos em que você assiste ao assassinato de pessoas, ao assassinato de empresas. Não é possível que o Brasil não se revolte contra isso e deixe de lado o problema de ser de um lado ou de outro da política”, ponderou. O empresário anunciou o fechamento do jornal alegando dificuldades agravadas pela pandemia do coronavírus.