Nonato Guedes
O secretário de Saúde da prefeitura de João Pessoa, Adalberto Fulgêncio, participou de reunião pública remota promovida pela Câmara Municipal da Capital com o objetivo de discutir as ações do Executivo local no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. Fulgêncio revelou, em sua explanação, que 85% das pessoas positivadas podem ser tratadas em casa e que 83% das Unidades de Terapia Intensiva no município estavam ocupadas ontem, 14, reforçando a importância do distanciamento social para não sobrecarregar o sistema de saúde.
Para o enfrentamento ao Covid-19, a Capital dispõe de 97 Unidades Básicas de Saúde, atendendo os casos sintomáticos leves. Os casos moderados são tratados nas Unidades de Pronto Atendimento. Já os sintomáticos graves vão para a assistência hospitalar via atendimento por regulação, a partir das unidades hospitalares públicas do Estado, município e de gestão compactuada com a prefeitura da Capital. Com relação ao cuidado com grávidas e bebês, a Maternidade Frei Damião e seu anexo cuidarão dos casos suspeitos e diagnosticados por Covid-19.
– Até agora – informou Fulgêncio – João Pessoa abriu 86 leitos de UTIs e 144 leitos clínicos para Covid-19. Hoje, sexta-feira, abriremos mais 30 de enfermaria e 10 de UTIs no Prontovida. Além disso, até o fim de semana, as UPAs Bancários e Oceania virarão “UPAS-Covid 19”. Estamos pensando a Saúde juntando as redes estadual e municipal. A vigilância epidemiológica trabalha com a coleta de dados diariamente; os leitos adultos estão divididos nos Hospitais Santa Isabel, 13 de Maio e Prontocor (estes dois em construção); e os leitos pediátricos estão nos Hospitais Universitário Lauro Wanderley e Municipal do Valentina Figueiredo.
A vereadora Eliza Virgínia, do Progressistas, requereu informações sobre os protocolos de atendimento realizados na Capital, sobre o uso da hidroxicloroquina em pacientes e a perda de uma UTI móvel. “Poderemos contratar mais serviços de ambulância?”, indagou. O vereador Renato Martins, do Avante, sugeriu que nas UPAS, durante a triagem, ocorra a distribuição de medicamentos, máscaras e álcool em gel para os pacientes. E complementou: “O isolamento social precisa sair da casa dos 40% para 70%, marca ideal. Mas o isolamento social precisa de proteção social, com ações de renda mínima, de proteção alimentar massificada com ongs, igrejas e cadastros que a prefeitura tem, pois ela sabe ponde estão as zonas de interesse social, quem é microempreendedor individual, garçom, uber e taxista. Fica a sugestão”.
Thiago Lucena (PRTB) citou o sistema de “home care” para que haja desocupação dos leitos em hospitais e diminuição da possibilidade de transmissão do coronavírus em unidades hospitalares. “Solicito que possamos construir um planejamento para que haja um ambiente fiscalizado e monitorado pela prefeitura, fazendo com que feirantes possam comercializar seus produtos. Que possamos construir um planejamento junto à prefeitura e setor produtivo para a retomada de atividades comerciais na cidade, posteriormente”, sugeriu. A vereadora Raíssa Lacerda, do Avante, abordou a concessão de insalubridade aos profissionais da Saúde que estão na linha de frente do combate à pandemia e Zezinho do Botafogo (Cidadania) questionou sobre a demora na transferência de pacientes de UBSs e UPAs para hospitais. Já Durval Ferreira, do PL, e Helton Renê, do Republicanos, buscaram informações sobre a possibilidade de haver “lockdown” em João Pessoa.
Com relação aos protocolos de atendimento, Adalberto Fulgêncio deixou claro que todos os profissionais de Saúde estão aprimorando protocolos e métodos diante da nova doença, lembrando que não adianta testar a todos e que os testes serão realizados apenas nas UBS, em pacientes a partir do décimo dia da apresentação dos sintomas. Segundo o secretário, os protocolos são padrão em unidades públicas e privadas e a rede municipal tem utilizado azitromicina, heparina, anticoagulantes e corticoides. “Temos todas as drogas necessárias aos protocolos utilizados para Covid-19. Nosso protocolo tem cloroquina, mas o médico que está tratando, se preferir não utilizar, não a usará. Isso fica a cargo exclusivamente do profissional médico”, acrescentou. Adalberto Fulgêncio disse que a prefeitura tem de manter a taxa de ocupação de UTIs abaixo dos 85%. Informou que João Pessoa tem mostrado crescimento de 50 a 60 novos casos por dia. Com isso projeta-se atingir até 21 de maio a marca dos 2.500 casos na Capital. Adalberto não descarta a hipótese de “lockdown”, mas diz que isso dependerá dos contextos e variáveis, inclusive da situação das cidades circunvizinhas a João Pessoa. “A Capital não trata apenas pacientes locais, concentramos usuários de várias cidades no sistema de saúde municipal. Tenho a impressão de que poderíamos agora estar discutindo possibilidades de afrouxamento ao isolamento social, caso não fosse essa demanda excedente”, finalizou o secretário.