Até agora nem a direção da Academia Paraibana de Letras nem qualquer membro da instituição se manifestaram acerca das declarações em tom de desabafo do empresário, escritor e “imortal” Roberto Cavalcanti Ribeiro, diretor-proprietário do Sistema Correio de Comunicação, que, revoltado com a excessiva cobertura da mídia ao número de óbitos de vítimas do novo coronavírus, criticou o que chamou de sensacionalismo de alguns jornalistas e insinuou que eles deveriam ser “apedrejados” por estarem disseminando o pânico entre ouvintes de emissoras de rádio. As declarações de Roberto repercutiram negativamente e mereceram protestos do Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Paraíba e da Associação Paraibana de Imprensa, tendo tido destaque em sites nacionais de repercussão como UOL Notícias.
O ex-senador da República não voltou a abordar o assunto após as repercussões negativas desencadeadas pelos ataques a radialistas e comunicadores. Na própria intervenção que fez, durante o programa “Correio Debate”, da rádio 98 FM, do Sistema que dirige, ele admitiu que poderia estar se exaltando nas observações a respeito do comportamento social nestes tempos de pandemia do coronavírus mas avançou suas preocupações para o terreno da atividade econômica, com a paralisação de indústrias e demissões compulsórias em empresas de variados ramos. Roberto Cavalcanti foi eleito integrante da Academia Paraibana de Letras em junho de 2019, com 28 votos, disputando a vaga do falecido escritor Carlos Romero. Derrotou o filho deste, o arquiteto Germano Romero, que teve cinco votos, e o ex-senador Ney Suassuna, que alcançou apenas dois votos.
A jornalista Joana Belarmino de Sousa, também expoente do quadro docente da Universidade Federal da Paraíba e com atuação por diversos veículos, declarou em rede social ter ficado “enojada” com a proposta de Roberto Cavalcanti de que comunicadores que divulgassem em tom sensacionalista os números de óbitos por coronavírus deveriam ser apedrejados. Joana Belarmino definiu Roberto como “um empresário de comunicação que mais explorou a dor do outro, em programas sensacionalistas, no rádio, no jornal que já não existe e na TV”.
E acrescentou: “Só digo uma coisa: o jornalismo está sendo apedrejado, humilhado, ferido. E há muitos jornalistas guerreiros expostos ao covid, à insensatez dos que dirigem a república, trabalhando sem as mínimas condições protetivas. Mais ainda: há jornalistas, sobretudo os de TV, servindo de instrumentos dessa refrega nojenta entre o presidente Bolsonaro e o ex-ministro Sérgio Moro,. A democracia está morrendo, e muitos jornalistas, aferrados a seus empregos, à linha editorial infame das suas empresas, também são cúmplices dessa desgraça”, escreveu Joana Belarmino no seu #DiáriodeQuarentena.