Nonato Guedes
O deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), ao manifestar pesar pela morte do ex-governador Wilson Braga, destacou as ações deste na área de habitação popular e de educação, mencionando, entre outros, o projeto Mutirão. “Braga foi um político muito atento às políticas públicas essenciais à população e as medidas adotadas por ele até hoje têm efeitos práticos na vida de quem mais precisa”, afirmou o parlamentar. Pedro é neto do poeta Ronaldo Cunha Lima, já falecido, que em 1990 derrotou Wilson Braga na segunda disputa dele ao governo do Estado. Ronaldo foi vitorioso em segundo turno e contou com o reforço do ex-deputado João Agripino Neto, que concorreu pelo PRN e foi bem votado em segmentos da classe média nas grandes cidades.
Filho do ex-governador Cássio Cunha Lima, que em 2002 contou com o apoio de Braga na campanha vitoriosa ao governo do Estado, Pedro revelou que Wilson “foi um dos grandes políticos que ajudou na construção da Paraíba em sua fase moderna e deixa uma grande contribuição ao nosso povo”. Também salientou que a administração de Wilson, na pasta comandada por sua esposa, a então primeira-dama Lúcia Braga, construiu conjuntos habitacionais importantes em João Pessoa e implantou o projeto “João de Barro”, que subsidiava aos homens do campo a construção de suas casas. “Mais tarde, esse projeto foi adotado pelo governo federal e implantado em todo o país”. Na área da Educação, disse, um projeto financiado pelo BNDES propôs garantir matrícula a cerca de 30 mil crianças marginalizadas, utilizando acomodações diversas como campos de futebol, igrejas, clubes e galpões.
Ronaldo Cunha Lima derrotou Wilson Braga e elegeu-se governador em 26 de novembro de 1990, obtendo 130 mil votos de maioria e apoiado por uma coligação de forças nascida no interior do PMDB, partido a que era filiado. Os momentos mais difíceis ocorreram no primeiro turno, decidido a três de outubro. Até essa data, Ronaldo se disse vítima de manipulação de pesquisas, provocações de adversários e enfrentou fatores de desvantagem. O apoio recebido, no segundo turno, do ex-candidato do PRN, João Agripino Neto, foi fundamental para o triunfo de Ronaldo sobre Braga. Desde 1982, o poeta se preparava para dirigir os destinos da Paraíba, mas teve que ceder a vaga a nomes como Antônio Mariz e Tarcísio Burity, oriundos de dissidências políticas da Arena-PDS. No pleito que, afinal, o conduziu ao Palácio da Redenção, Ronaldo fez-se obstinado, empolgando o eleitorado com uma mensagem que pugnava pela mudança das estruturas, por um novo figurino de atuação política e pelo fim da gangorra entre Tarcísio Burity e Wilson Braga no comando do poder estadual. “Um sobe e outro desce, enquanto a Paraíba padece”, ironizava Ronaldo, que tinha 54 anos por ocasião da pregação que o entronizou no poder.
A chapa de Ronaldo tinha como vice Cícero Lucena, empresário oriundo da construção civil. Wilson apareceu em pesquisas em primeiro lugar, porém, enfrentou uma série de ameaças de impugnação, o que não impediu seu registro pelo PDT. Em out-doors e na televisão, Braga insinuava que ganharia no voto e no primeiro turno. Nos bastidores, porém, ele fez uma campanha mal-assessorado e recusou-se a participar de um debate na TV Cabo Branco, no primeiro turno, ficando vazia a cadeira que lhe estava destinada. Wilson foi candidato novamente ao governo oito anos após triunfar contra Antônio Mariz por uma diferença de 151 mil votos. Contra Ronaldo, porém, ele já colecionava desgaste político-administrativo e de imagem. Na corrida ao Senado, Antônio Mariz bateu fácil o concorrente Marcondes Gadelha, que tentava a reeleição. Em pleno clima de radicalização, desabou um petardo oriundo de Brasília: a liquidação extrajudicial do Paraiban, banco de fomento estatal. A medida, repudiada por todos, favoreceu o discurso de Ronaldo sobre a falência do Estado e a necessidade de sua reconstrução. E foi no seu governo que o Paraiban reabriu, enxuto.
Ontem, além do deputado Pedro Cunha Lima, o deputado federal Ruy Carneiro (PSDB) emitiu nota de pesar por meio de suas redes sociais pelo falecimento do ex-governador Wilson Braga. Textualmente, enfatizou Ruy Carneiro: “O grande líder e homem popular Wilson Leite Braga concluiu sua passagem de muito trabalho em favor dos mais necessitados. Foi uma vida marcada pela defesa do povo em cada cargo público porque passou. Wilson agora segue para encontrar sua companheira de vida, Lúcia. E ambos seguirão para sempre na história do nosso Estado e no coração de cada paraibano. Que a infinita misericórdia divina possa confortar a família e descanse em paz esse grande homem que plantou a semente da compaixão aqui na terra”.