Em videoconferência na manhã de hoje com governadores de Estados, o presidente Jair Bolsonaro pediu apoio dos gestores para o congelamento de salários de servidores até o final de 2021, evitando atender a pleitos de categorias por reajustes, diante da situação de dupla crise vivida pelo país, numa alusão à crise sanitária oriunda da pandemia do coronavírus e à crise econômica decorrente da paralisação de atividades produtivas. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, ambos do Democratas, também tiveram acesso à reunião com governadores. Eles se reuniram com Bolsonaro antes da conferência.
O presidente explicou que o objetivo da reunião por videoconferência é minorar os efeitos sobre os afetados “na ponta” pela crise do novo coronavírus, sobre a qual “não sabemos o tamanho da sua dimensão”. Ele foi incisivo: “Temos que trabalhar em conjunto a sanção de um socorro aos senhores governadores, de aproximadamente R$ 60 bilhões, também extensivo a prefeitos. O que se pede apoio aos senhores é a manutenção de um veto muito importante. Congelar reajustes na remuneração de todos os servidores públicos é o remédio menos amargo para o funcionalismo, mas de extrema importância para todos os 120 milhões de brasileiros”.
Antes da reunião, o presidente Jair Bolsonaro criticou, sem mencionar nomes, os governadores de Estados e disse que a população vai ter que “sentir na pele quem são essas pessoas”. Numa rápida conversa mantida com apoiadores na portaria do Palácio da Alvorada, o presidente da República enfatizou: “Imaginem uma pessoa do nível dessas autoridades estaduais na Presidência da República. O que teria acontecido com o Brasil já. Vocês vão ter que sentir um pouco mais na pele quem são essas pessoas para, juntos, a gente mudar o Brasil. Mudar à luz da Constituição, da lei, da ordem”. Desde o início da pandemia, o presidente e boa parte dos governadores têm mantido uma relação conflituosa, especialmente a respeito do impacto do coronavírus na economia. Segundo informações de agências de notícias, os governadores concordaram com o veto do trecho de projeto sobre socorro aos Estados na parte que autoriza a concessão de reajustes a várias corporações de servidores. Com isso, todos os aumentos salariais deverão ficar proibidos até o final de 2021.