Nonato Guedes
Aos 79 anos de idade morreu na madrugada de hoje no hospital da Unimed em João Pessoa o ex-deputado estadual Pedro Adelson Guedes dos Santos, que também atuou como secretário de Estado em vários governos, nas Pastas da Segurança Pública, Finanças e Administração Penitenciária. Natural de Alagoinha, no brejo paraibano, Pedro Adelson atuou juntamente com o ex-governador Pedro Moreno Gondim em escritório de advocacia baseado na Capital. Ele sofria de problemas remais crônicos e fazia hemodiálise semanalmente.
Em 2017, Pedro Adelson foi homenageado pela Assembleia Legislativa, por proposição do deputado Hervázio Bezerra, com a Medalha “Governador Pedro Gondim”, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à vida pública. Na ocasião, tanto Hervázio como os deputados Tróccoli Júnior e João Gonçalves destacaram as qualidades de Pedro Adelson, ressaltando a sua característica como “grande tribuno”. Adelson notabilizou-se no Legislativo Estadual não só pelos discursos vibrantes que costumava pronunciar como, também, pela iniciativa de proposituras legislativas de grande alcance para a população paraibana.
Pedro Adelson foi secretário de Finanças na administração do governador Wilson Leite Braga, que faleceu no último domingo em João Pessoa. Ele foi líder da oposição ao segundo governo de Tarcísio Burity, instalado em 1987. Chegou a ser citado, num relatório do Tribunal de Contas do Estado, como suposto beneficiário de complementação salarial no período em que foi secretário de Finanças de Braga. Além disso, foi mencionado como tendo recebido pagamentos por serviços de assessoria prestados ao próprio Estado na mesma época em que era titular da pasta mais importante do governo. Na tribuna da Assembleia, Pedro Adelson refutou com veemência as insinuações e acusou Burity, como secretário de Educação no governo Ivan Bichara, de também haver recebido complementação de salário de uma verba do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Burity entrou com interpelação judicial contra o deputado, através da Procuradoria Geral, desafiando-o a provar as acusações num prazo de 24 horas sob pena de se retratar publicamente ou ser processado por crime de responsabilidade.
Pedro não aceitou o repto alegando falta de acesso aos arquivos da administração estadual. Burity franqueou ao parlamentar o acesso a qualquer órgão do Estado, em qualquer escalão, para colher qualquer tipo de informação que desejasse. Segundo o jornalista Severino Ramos, em livro biográfico sobre Burity, ao comparecer perante o desembargador Josias Pereira do Nascimento, presidente da Câmara Criminal do TJ, que recebera a representação contra ele, Pedro Adelson não apresentou provas de suas acusações e declarou que o que afirmara não traduzia qualquer ofensa à honra pessoal do governador. Mesmo assim, Burity promoveu ação de queixa-crime por injúria, calúnia e difamação, pedindo aplicação de artigo do Código Penal versando sobre crimes contra a honra.
O episódio dividiu a Assembleia Legislativa porque colocava em jogo o dogma da imunidade parlamentar e os debates foram prolongados e exaustivos, durando mais de um mês. O epílogo se deu quando líderes de partidos, com anuência da Mesa Diretora, deliberaram que o Tribunal de Justiça suspendesse o processo de queixa-crime contra o deputado, exatamente na véspera em que ele deveria ser ouvido pelo relator do processo, desembargador Josias Pereira, em 12 de setembro de 1988. O governador Burity, segundo o relato de Severino Ramos, não escondeu seu desapontamento com a postura adotada pela Assembleia, queixando-se do “corporativismo” de deputados que impedira qualquer sanção contra Pedro Adelson Guedes numa questão polêmica.