Nonato Guedes
Além de ter sido secretário de Finanças e de Segurança Pública no governo Wilson Braga, empossado em 1983, Pedro Adelson Guedes, que faleceu hoje, foi convocado por Antônio Mariz para retornar à Pasta da Segurança quando este se investiu no Palácio da Redenção em 1995, vindo a falecer em pouco tempo. Numa entrevista concedida a Severino Ramos, publicada no jornal “O Norte”, de 08/10/95, Pedro disse que não havia crime insolúvel. “Eu acho que existem crimes mal apurados e, portanto, é preciso que se dê tempo para apurar”, explicou.
Segundo ele, a investigação criminal era um processo lento e não podia ser feita dentro do prazo exíguo que a legislação impunha. Com o réu preso, a investigação devia ser concluída em dez dias; com ele solto, em trinta dias. “Num país imenso como o nosso, com a falta de recursos de toda a natureza, esses prazos são irreais. A sociedade quer pressa, começa a exigir, e o resultado é que muitos inquéritos vão sendo esquecidos, deixados de lado, porque a polícias passa a se ocupar de fatos mais recentes. É preciso ter consciência de que todos os crimes devem ser apurados e descobertos. Mas, para isso, é preciso que se dê tempo e um crédito de confiança, para que se faça uma investigação eficiente e minuciosa, concluindo-se pela elucidação do crime”, exortava Pedro Adelson.
O então secretário de Segurança fazia críticas ao sistema penitenciário vigente no Brasil, que, a seu ver, apenas contribuía para o aumento da delinquência, citando que o índice de reincidência de crimes era superior a 40 por cento. “Além do mais, um preso custa muito caro aos cofres públicos. O Estado é protecionista, mantém o preso a peso de ouro mas esquece a família da vítima, que fica abandonada. O mal social é pior porque ficam os filhos desprotegidos e um maior número de pessoas a caminho da marginalidade”. Pedro disse que as maiores dificuldades encontradas na Pasta da Segurança diziam respeito à escassez de recursos financeiros, materiais e humanos. E pregava ser necessária a colaboração da população.
– Muita gente reclama e acha que a solução de tudo é a segurança pública, mas a segurança só passa a atuar quando todos os outros segmentos tenham falhado. Quando falha a educação, quando falha a saúde, quando falha a justiça, quando falha a paternidade, quando falha o Estado na proteção do indivíduo, então é que entra a segurança pública. Muita gente acha que se combate crime com repressão, mas não é por aí. A repressão é apenas um instrumento que o Estado dispõe para aqueles que porventura não assimilaram as regras de conduta traçadas pelas convenções sociais. Nós não podemos suprir o cidadão daquilo que a educação, a família e o próprio Estado deixaram de lhe dar. A questão da segurança pública não vai ser resolvida apenas pelo soldado, pelo policial. O problema pode ser melhor resolvido pelo professor, pelo pai, pela sociedade, do que pelos órgãos de segurança –
Pedro confessou ao jornalista Severino Ramos que sempre tivera vocação para a vida pública. Como estudante de Direito, teve o primeiro emprego como oficial de gabinete do governador Pedro Moreno Gondim, de quem, depois, se tornou sócio num escritório de advocacia. Depois de formado, foi Procurador-Geral do Estado no primeiro governo de Tarcísio Burity, secretário de Finanças e da Segurança Pública no governo de Wilson Braga e, após dois mandatos de deputado estadual, retornou à SSP convidado por Mariz. Em várias entrevistas que concedeu, Pedro Adelson insistiu na tecla do desaparecimento dos órgãos de Segurança Pública e também do Judiciário, ao mesmo tempo em que clamava uma participação maior da sociedade na condução dos problemas atinentes à criminalidade e à ordem pública.