Da Redação, com agências
Direto do seu sítio no interior de São Paulo, o ator Lima Duarte participou de forma remota do programa “Conversa com Bial”, na Rede Globo, na madrugada de hoje e, entre muitas histórias, relembrou quando foi convidado para ser vice-presidente de Mário Covas e concorrer na disputa à Presidência da República em 1989. Salientou que o PSDB e Covas desejavam aproveitar a fama do seu personagem SassáMutema na novela “O Salvador da Pátria”, mas contou que a sua reação foi negativa. Mário Covas, que pregou na campanha um “choque de capitalismo” no país, ficou em terceiro lugar no páreo, polarizado por Fernando Collor de Mello (o vitorioso) e Luiz Inácio Lula da Silva.
“Nunca vi nenhum ator ou atriz entrar para a política e dar certo”, expressou Lima Duarte, que tem 90 anos, ao ser indagado sobre o caso de Regina Duarte, que deixou de ser Secretária Especial da Cultura do governo Jair Bolsonaro (sem partido) após dois meses no cargo. Intérprete do papel de Sinhozinho Malta, parceiro de Regina Duarte, que interpretava a viúva Porcina, na novela Roque Santeiro, Lima Duarte foi enfático: “Regina caiu quando entrou. Me lembrou a história da Chapeuzinho Vermelho. A Chapeuzinho perdida encontrou com o lobo, se abraçaram, vamos casar, não casou, vamos casar, casou. Eu estava esperando o resultado do casamento e ele jantou ela”.
Sobre o atual governo, o eterno Sinhozinho Malta se mostrou desgostoso com o quadro que anda presenciando. “Essas barbaridades não me assustam mais. Tomar Tubaína? O que é isso, hein? Não dá para responder, não dá para analisar. Eu não quero mais ouvir falar nisso, não quero”, finalizou. Sobre o convite que lhe foi feitoem 1989, Lima Duarte narrou: “Após concluir a gravação do último capítulo da novela “O Salvador da Pátria”, me levaram para São Paulo para me encontrar com o Mário Covas na casa dele. Quem dirigiu o carro, um Chevrolet Opala, do aeroporto até a casa de Covas, foi o Fernando Henrique Cardoso. Chegando lá, veio a surpresa: me disseram que o candidato perfeito para ser vice do Mário Covas e concorrer à Presidência era eu, ou melhor, o Sassá Mutema, meu personagem na novela. Eles já tinham articulado tudo”. Nesse momento, o ator imitou o slogan da campanha que lhe foi mostrado. “Era assim: ‘O sonho não acabou. O sonho tenta o poder. Sassá Mutema é o nosso candidato a vice-presidente”.
Segundo Lima Duarte, na época, a atriz Maitê Proença brincou com ele: “Vai lá. De repente, o homem morre do coração e você vira presidente”. Ele não aceitou o convite. Regina Duarte deixou a Secretaria de Cultura do governo do presidente Jair Bolsonaro com a promessa de assumir um cargo na Cinemateca de São Paulo. Regina ficou muito desgastada devido ao processo de fritura a que foi submetida e também pela falta de autonomia à frente da Pasta. Ela foi bastante criticada por colegas de profissão, decepcionados com o desempenho em pouco tempo de permanência na Secretaria, mas deixando claro que nunca esperaram grande performance da outrora “Namoradinha do Brasil”.