Nonato Guedes, com agências
Na manhã desta terça-feira, 26, a Polícia Federal deflagrou a Operação Placebo e esteve no Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador Wilson Witzel, do PSC. Quinze equipes da PF, ao todo, participaram da diligência cuja finalidade foi a de apurar indícios de desvios em hospitais de campanha que foram montados pelo governo do Estado a pretexto de combater o novo coronavírus. O governador Wilson Witzel negou qualquer tipo de envolvimento no esquema de desvios de recursos públicos destinados ao atendimento do estado de emergência de saúde pública. Disse que sua reação é de estranheza e indignação, mas acha que se confirmou a interferência na Polícia Federal anunciada por Bolsonaro em reunião ministerial do dia 22 de abril, denunciada pelo ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, quando da liberação do áudio da reunião decretada pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal.
Ao que se apurou, investigações iniciadas no Rio pela Polícia Civil, pelo Ministério Público Estadual e pelo Ministério Público Federal apontam para a existência de um esquema de corrupção envolvendo uma organização social contratada para a instalação de hospitais de campanha e servidores da cúpula da gestão do sistema de saúde do Estado. O ex-subsecretário de Saúde Gabriell Neves foi preso em uma operação em 7 de maio. O presidente Jair Bolsonaro aplaudiu a operação da PF em conversa com apoiadores na manhã de hoje em Brasília. Witzel disse ter ficado surpreso com o fato de que deputados bolsonaristas tenham anunciado em redes sociais nos últimos dias uma operação da Polícia Federal direcionada a ele, “o que demonstra limpidamente que houve vazamento, com a construção de uma narrativa que jamais se confirmará”. Foi uma referência à deputada Carla Zambelli (SP), que antecipou informes sobre a operação.
“Não há absolutamente nenhuma participação ou autoria minha em nenhum tipo de irregularidade nas questões que envolvem as denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal”, protestou Wilson Witzel em nota oficial distribuída com a imprensa. O governador acrescentou que está à disposição da Justiça e que seus sigilos estão abertos. “Estou tranquilo sobre o desdobramento dos fatos. Sigo em alinhamento com a Justiça para que se apure rapidamente os fatos. Não abandonarei meus princípios e muito menos o Estado do Rio de Janeiro”, frisou Wilson Witzel. De acordo com O Globo, Witzel acompanhou as buscas o tempo todo na residência oficial. Na casa estavam a mulher e os três filhos, que não presenciaram as buscas. Depois de cerca de três horas, três viaturas da PF e uma do MPF deixaram o local. Os agentes recolheram dezenas de papéis que estavam na sede do governo e também na residência oficial. O material foi levado para a sede regional da PF para encaminhamento à sede da corporação em Brasília. Os primeiros indícios de problemas nas contratações de emergência sem licitação, feitas pela secretaria estadual de Saúde, no início da pandemia, surgiram na dificuldade de acesso a dados públicos. O fato ocorreu no dia 9 do mês passado.