Linaldo Guedes
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Domingo (24) teria sido dia de baile na terra que ensinou a Paraíba a ler. As portas do Cajazeiras Tênis Clube estariam abertas para a festa do primeiro ano da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (ACAL). Nos salões do Tênis Clube, em trajes de gala, os “imortais” se confraternizariam em conversas informais.
Antes, teríamos lançamentos de livros de Nadja Claudino e Francelino Soares e do primeiro número da Revista da ACAL, com textos dos “imortais” e dos professores e escritores convidados. José Octávio estaria vindo de João Pessoa, junto com comitiva da Academia Paraibana de Letras, para lançar livros e prestigiar nosso evento.
Infelizmente, a Covid não quis que fosse assim. Ela é feito uma carnívora assanhada, “serpente má de língua envenenada, que tudo que acha no caminho come, faminta e atra mulher, que a 1 de janeiro, sai para assassinar o mundo inteiro, e o mundo inteiro não lhe mata a fome!” (Augusto dos Anjos).
Como diria, Virgílius, “Omnia tempus habent”. E se tudo tem seu tempo, nosso tempo é o hoje. A ACAL, entidade que conta com 40 patronos e 38 membros, se reinventou e fez sua própria história. Sob as bênçãos de Frassales, nosso presidente, não deixamos o primeiro ano da entidade passar em brancas letras.
Assim, realizamos uma conferência virtual, no final da tarde do domingo, para marcar a data, com a participação de 19 dos 38 “imortais”, com o convite tendo sido aberto a todos que compõem os quadros da Academia.
Até uma ata teve, organizada pelo secretário Francelino Soares, mas informal, já que a reunião não era deliberativa.
Tudo dentro do jeito cajazeirense de ser, que só quem é dessa cidade ou morou nela sabe bem como é essa mistura entre intelectualidade-cultura e irreverência
Confesso minha emoção ao rever amigos, mesmo que virtualmente. Amigos como o próprio Frassales, com quem aprendo muito ao ouvi-lo; como Bira e Lenilson, parceiros e companheiros de lida e bares; Nadja e Christiano, parceiros na organização da conferência; Naldinho e Gildemar, amigos de longas datas; José Antônio, Francelino, Rui Leitão e Mariana Moreira, quatro pessoas que sempre admirei; Helder Moura, Sargentelli, Bosco Maciel, José Caitano e Alexandre Costa, amizades que a ACAL me trouxe. Mas o mais emocionante de tudo foi ver, pelo aplicativo, o poeta Tantino Cartaxo e a professora e escritora Irismar Gomes. Eles resumiram bem, para mim, a ideia de que a ACAL foi criada para manter a tradição de Cajazeiras nas artes, educação, letras e religião, mas também é de vanguarda, também tem a coragem de se adaptar aos novos tempos. A ACAL não tem cheiro de mofo. Sim, no frigir dos ovos, não somos imortais, sabemos disso. Mas A A ACAL é. E nem a Covid lhe impede de agir.
Linaldo Guedes é poeta, jornalista e editor. Com 11 livros publicados e textos em mais de trinta obras nos mais diversos gêneros, é membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (Acal), mestre em Ciências da Religião e editor na Arribaçã Editora. Reside em Cajazeiras, Alto Sertão da Paraíba, e nasceu em 1968.