Nonato Guedes, com agências
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que, no passado, criticou o “Centrão”, um aglomerado de partidos fisiológicos com atuação no Congresso, está entregando cargos no governo federal a partidos desse agrupamento, dentro da estratégia de construir uma base de apoio sólida entre parlamentares no Parlamento. Caciques do PP e do PL, respectivamente, Ciro Nogueira e Valdemar Costa Neto indicaram presidentes e diretores de autarquias importantes do governo federal, enquanto Roberto Jefferson (PT) tem sido mais explícito em suas manifestações de apoio ao presidente mas ainda não emplacou aliados no governo.
Em comum, além de chefiar partidos do “Centrão”, os três figuraram em escândalos recentes de corrupção, como o mensalão, e a Operação Lava Jato. Jefferson e Valdemar Costa Neto chegaram a ser condenados pela participação no esquema de compra de apoio parlamentar durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. O senador Ciro Nogueira, do PP-PI, comanda o Progressistas, partido do Centrão que também participou do acordo de distribuição de recursos do mensalão. A legenda foi denunciada como pessoa física na Operação Lava Jato. Bolsonaro foi filiado ao PP de 2005 a 2016. Nogueira já foi alvo de pelo menos duas operações da Polícia Federal e é réu no STF desde 2019, sob a acusação de organização criminosa. Em fevereiro deste ano, foi denunciado por supostos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro – ele nega todas as acusações.
O cacique do PP emplacou Marcelo Lopes da Ponte, seu ex-chefe de gabinete, na presidência do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, autarquia ligada ao Ministério da Educação, que em 2019 administrou o orçamento de aproximadamente R$ 50 bilhões. Em 2012, Valdemar Costa Neto chegou a ser preso após ter sido condenado pelo esquema do mensalão. Cacique do PL, nome pelo qual atende agora o Partido da República-PR, o ex-deputado federal indicou o novo presidente do Banco do Nordeste, Alexandre Borges Cabral. O político também conseguiu emplacar uma diretoria no FNDE e emplacou um aliado na diretoria-geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – Dnocs. Já o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, denunciou o esquema do mensalão, que se tornou escândalo durante o governo de Lula. Jefferson foi condenado pelo STF por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e teve seu mandato como deputado federal cassado em 2005. Nos últimos meses, o cacique do PTB intensificou demonstração de apoio ao presidente Jair Bolsonaro mas o PTB, até agora, não foi agraciado pela partilha de cargos federais na negociação do governo Bolsonaro com o “Centrão”.