Nonato Guedes, com agências
Após derrubar o site de estatísticas da Covid-19, o Ministério da Saúde anunciou, ontem, números divergentes sobre a doença no Brasil, com uma diferença de 857 mortes causadas por coronavírus. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, indignado, foi às redes sociais na madrugada desta segunda-feira (8) para afirmar que Jair Bolsonaro “brinca com a morte” ao “torturar” números do coronavírus. “Brincar com a morte é perverso. Ao alterar os números, o Ministério da Saúde tapa o sol com a peneira. É urgente resgatar a credibilidade das estatísticas. Um ministério que tortura números cria um mundo paralelo para não enfrentar a realidade dos fatos”, protestou Rodrigo Maia, compartilhando notícia do portal G1 sobre a divergência nas informações.
Por volta de 20h30, o Ministério da Saúde divulgou o primeiro balanço, no qual informava que 1.382 mortes haviam sido registradas nas últimas 24 horas. Uma hora e meia depois, o portal do Ministério com informações referentes ao Covid salientou que o número de óbitos confirmados era de 525. Ou seja, havia uma diferença de 857 vítimas. Maia, que é do DEM-RJ, revelou que a comissão externa da Câmara que trata de Covid-19 vai se debruçar sobre as estatísticas. Para ele, é urgente que o Ministério da Saúde divulgue os números com seriedade, respeitando os brasileiros e em horário adequado. “Não se brinca com mortes e doentes”, expressou. Também houve divergências em relação ao número de casos confirmados nas últimas 24 horas. O primeiro número divulgado apontava 12.581 casos. O segundo balanço, por sua vez, indicava 18.912 casos do novo coronavírus.
Os dados do primeiro boletim do ministério eram pouco maiores do que os divulgados pelo Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde), que decidiu lançar um painel com números de contaminados e óbitos paralelo ao do governo, logo após a ameaça de sonegação de dados. O órgão mostrava, até as 18h, 1.113 mortos. Enquanto isso, o empresário Carlos Wizard, antigo dono da rede de escolas de inglês que levam seu sobrenome, desistiu de assumir a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, também deixando o cargo de conselheiro da pasta. Wizard tomaria posse nesta segunda-feira na secretaria. Ao anunciar sua decisão, o bilionário afirmou que vai se dedicar a trabalhos sociais em Roraima. Ele lamentou sua declaração da última semana propondo uma recontagem dos mortos por coronavírus. O argumento de Wizard era o de que os dados apresentavam irregularidades. “Peço desculpas por qualquer ato ou declaração de minha autoria que tenha sido interpretada como desrespeito aos familiares das vítimas de Covid-19 ou profissionais de saúde que assumiram a nobre missão de salvar vidas”. Em entrevista na sexta-feira, o empresário afirmou que os dados sobre os mortos eram “fantasiosos” e que governos estaduais e municípios estariam inflando os números para receber mais recursos do governo federal.