Nonato Guedes
A agenda política do governador João Azevêdo (Cidadania) sobre as eleições municipais deste ano continua prejudicada pelas ações de enfrentamento à pandemia do coronavírus no Estado, o que impede o chefe do Executivo de se envolver mais diretamente com as articulações para lançamento de candidaturas a prefeito nos 223 municípios, começando pela Capital e por Campina Grande, a segunda cidade do Estado. Deputados e líderes políticos alegam não ter participado nem ter conhecimento de quaisquer discussões levantadas por iniciativa do governador a respeito de definição de nomes ou de alianças para a disputa majoritária. De acordo com os relatos, os acertos e as decisões estão sendo feitas pelas próprias lideranças municipais com o aval de líderes estaduais e dirigentes de partidos. O governador, esta semana, criticou suposta exploração eleitoreira da pandemia que vem sendo feita por alguns pré-candidatos a prefeito no interior do Estado, que incentivam a quebra do isolamento social.
Interlocutores do governador ressaltam que mesmo com as limitações impostas pela conjuntura sanitária João Azevêdo pretende marcar presença na campanha em regiões estratégicas, ora reforçando candidatos que o “Cidadania” vier a lançar, ora declarando apoio a candidatos de diversos partidos que constituem a base de sustentação do governo na Assembleia Legislativa. “Ele não está indiferente às eleições, mas acompanha os passos que estão sendo dadas por autoridades da Justiça Eleitoral para decidir concretamente quando e como elas serão processadas”, revelou um deputado com acesso ao governador, lembrando que houve desincompatibilização de secretário(a)s que vão se candidatar em algumas cidades do Estado.
O próprio processo de fortalecimento do ”Cidadania” enfrenta consequências da limitação imposta pela pandemia. João Azevêdo ingressou no partido depois que deixou os quadros do PSB, comandado pelo ex-governador Ricardo Coutinho, alegando falta de espaços na legenda socialista. Para aliados do governador, ele se considerou praticamente “expulso” do PSB após a destituição, por Ricardo, da direção regional do Partido Socialista, com o afastamento do secretário Edivaldo Rosas da presidência. João recebeu ofertas de filiação de vários partidos e acabou optando pelo “Cidadania”. Muitos de seus aliados, inclusive, deputados, ainda permanecem filiados no PSB como estratégia para evitar expulsão por infidelidade.
Apesar de tudo, o governador, esta semana, no seu programa de rádio transmitido para todo o Estado, não deixou de criticar pré-candidatos a prefeito de cidades do interior que, segundo denunciou, estariam incentivando pessoas a deixar suas casas e romper o isolamento social que é recomendado pelas autoridades de Saúde Pública como indispensável para o enfrentamento ao coronavírus. “Tem muita fazendo proselitismo e querendo tirar proveito político”, reclamou o chefe do Executivo, notando que é preocupante a queda dos índices de isolamento social na Paraíba, enquanto ocorre aumento diário de casos e mortes por Covid-19. “Gostaria de saber que se o número de óbitos se agravar, por causa da quebra do isolamento social, esses pré-candidatos se responsabilizarão pelas consequências”, pontuou Azevêdo, anunciando um programa gradual de retomada das atividades econômicas em sintonia com a escalada da doença na Paraíba.