Nonato Guedes, com agências
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) comentou, em sua live semanal nas redes sociais, as recentes polêmicas envolvendo a divulgação de números oficiais sobre a pandemia do novo coronavírus no Brasil por parte do Ministério da Saúde. Ele voltou a criticar a imprensa pela repercussão após o atraso na publicação dos boletins diários de casos e óbitos provocados pela covid-19. E reclamou após, segundo ele, ter tido seu governo comparado a ditaduras. O presidente também revelou que acredita já ter sido contaminado por Covid-19.
Na semana passada, o governo federal passou a divulgar os números após as 22h (horário de Brasília) e também deixou de informar os números acumulados da doença no país. “Falaram que queríamos esconder números, nos compararam à Venezuela, Coréia do Norte. Ninguém quer esconder número”, ponderou o presidente. Bolsonaro voltou a defender que sejam divulgadas as quantidades de mortes ocorridas no próprio dia. “Tem que falar quantos morreram no dia, a carga de antes tem que ser diluída nos dias anteriores”, afirmou. E completou: “Números têm que ser mais próximos da realidade, se não o real. Tem que saber o que está acontecendo”. Para ele, a divulgação, desde a gestão de Luiz Henrique Mandetta na Saúde com ênfase no total de mortes registradas nas últimas 24 horas e não ocorridas nesse período, produzia números fictícios.
“Gosto do Mandetta como pessoa, mas deu uma escorregada na pandemia, deu uma entrevista para a Globo. Boa sorte para o Mandetta, mas houve exagero. O objetivo era vender o pavor”, afirmou. Bolsonaro ainda disse que acredita já ter sido contaminado pelo coronavírus. Ao falar sobre a cloroquina, o presidente brasileiro citou o colega norte-americano Donald Trump e também a visita que fez ao presidente dos Estados Unidos em março, quando a comitiva registrou mais de 20 casos de infecção. “Trump relatou que estava usando cloroquina de modo preventivo. Eu não tomei nada, não. Acho que fui contaminado dado a maneira. Vim do avião dos EUA para cá com 23 que pegaram”, revelou Bolsonaro. Sem provas, o mandatário voltou a reclamar de supostas adulterações em atestados de óbito para aumentar os dados de mortes por Covid-19 no Brasil. Ontem, o consórcio de veículos de imprensa que faz apuração paralela à do governo informou que o número de mortes por coronavírus no Brasil já passa a marca dos 40 mil.