Nonato Guedes
O prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, do PSD, continua focado na adoção de medidas de enfrentamento ao coronavírus, decidindo sobre flexibilização de atividades na segunda cidade do Estado e promovendo consultas com setores da sociedade para assentar as decisões. Ontem ele defendeu que é preciso que “aprendamos a conviver com o novo coronavírus” e, por isto, a retomada das atividades econômicas, religiosas e sociais deve ser feita dentro de critérios gradativos. Informou, também, que a rede hospitalar da cidade está preparada para receber as pessoas acometidas por Covid-19, além de ter sido feita a ampliação, em mais dez pontos, de locais de testagem, como também a rede municipal de saúde está procedendo a distribuição de medicamentos.
No campo político, o prefeito não avançou tomada de decisões sobre candidatura do seu esquema político, que envolve, ainda, o PSDB, à sua sucessão, já que em dezembro estará concluindo o segundo mandato consecutivo. Corre, em paralelo, a versão de que Romero está se credenciando, sutilmente, como alternativa para disputar o governo do Estado em 2022, favorecido pela postura do ex-senador Cássio Cunha Lima (PSDB) de hibernar politicamente e não fazer planos para a volta ao cenário, a curto prazo, depois da derrota enfrentada na campanha para se reeleger ao Senado em 2018. Romero foi feito por Cássio coordenador do processo de definições da sucessão municipal este ano em Campina Grande e trabalha com a melhor estratégia capaz de vencer a liderança do senador Veneziano Vital do Rêgo (PSB), que lançará a mulher, Ana Cláudia, para concorrer à prefeitura, pela legenda do Podemos.
Fontes ligadas ao gestor campinense revelam que sua expectativa, caso venha a ser formalizado candidato ao governo, é de contar com o presidente Jair Bolsonaro como um reforço valioso, “colando” a sua pretensão à possível candidatura do mandatário à reeleição em 2022. Romero é um dos líderes políticos paraibanos mais prestigiados pelo presidente da República, que já o elogiou em várias vezes durante transmissões pela internet ou em manifestações públicas. Para Bolsonaro, Romero é extremamente alinhado com as suas ideias de reabertura das atividades comerciais mesmo em plena pandemia do coronavírus, da mesma forma como foi simpático à ideia de uso da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes da Covid-19 em casos específicos. Campina foi a primeira cidade do Nordeste visitada por Bolsonaro desde que se investiu no Palácio do Planalto. O pretexto foi a solenidade de inauguração do complexo habitacional “Aluízio Campos” beneficiando famílias humildes. A cidade tem sido regularmente contemplada com repasses de recursos federais para a calamidade do coroavírus.
Em 2018, na disputa majoritária, Romero Rodrigues ensaiou passos com vistas a marcar presença no panorama político estadual. Ele admitiu a hipótese de compor uma chapa majoritária ao Palácio da Redenção, colocando-se à disposição dentro do então agrupamento de oposições. Na época, o grupo do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PV) movimentou-se para lançá-lo ao governo, mas Luciano relutou muito em aceitar a convocação e queixou-se de desunião das oposições. Acabou lançando o irmão gêmeo Lucélio como postulante e convenceu Romero a apoiá-lo, destinando o lugar de vice, que foi ocupado pela doutora Micheline, mulher do alcaide campinense. A chapa ficou em segundo lugar no primeiro turno, decidido com a vitória de João Azevêdo, ex-PSB, hoje Cidadania. Não há registros de reatamento da aliança política entre Cartaxo e Romero. Os dois estão unidos, atualmente, na estratégia de combate ao coronavírus. Mas não sinalizam perspectivas de realinhamento no futuro próximo em termos políticos-eleitorais.