Nonato Guedes, com agências
Nos meios políticos e junto a fontes ligadas ao próprio presidente Jair Bolsonaro, a versão predominante nas últimas horas é a de que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, que responde a processos no âmbito do Supremo Tribunal Federal, caiu em desgraça junto ao mandatário, que examina uma saída honrosa, com o deslocamento para outra Pasta. Em editorial, o jornal “Folha de S. Paulo” pregou a demissão do ministro, “por incentivar o golpismo e arruinar geração de jovens com gestão incompetente e obscurantista”.
O duro editorial foi publicado na noite da segunda-feira (15). Para o jornal, Weintraub é um “jagunço do bolsonarismo”, que “envergonha a democracia” e “seguirá arruinando uma geração de jovens” caso continue no comando da pasta. “Se não for demitido pelo presidente Jair Bolsonaro, que o faria não por convicção mas por instinto de sobrevivência, Weintraub precisa ser processado por crime de responsabilidade perante o Supremo Tribunal Federal”, acrescenta o editorial, argumentando que “abundam motivos” para a saída dele. Lembrou que, no domingo, em público, Weintraub repetiu os mesmos xingamentos ao STF que fez na fatídica reunião ministerial de 22 de abril, quando chamou de “vagabundos” os ministros da Corte.
– Ao repetir os xingamentos, o ministro perde o argumento de que as falas de caráter privado não poderiam ser usadas em tribunal e não teriam relação com o processo original que levou à divulgação da gravação do encontro – pontuou a “Folha de S. Paulo”. Completa o editorial acentuando: “A lei dos crimes de responsabilidade sujeita ministros de Estado à perda do cargo com até cinco anos de inabilitação para exercerem função pública, por atentarem contra o livre exercício do Poder Judiciário, por se valerem de ameaça para constranger juízes e por se comportarem de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro”. Weintraub está sendo alvo de investigação das fakenews após os ataques ao STF. A participação dele em ato do grupo extremista “300 do Brasil” teria irritado o presidente Jair Bolsonaro que, segundo a colunista Bela Megale, do O Globo, já estaria decidido a exonerá-lo.
De acordo com as informações, auxiliares próximos do presidente consideram insustentável a permanência no cargo do ministro da Educação. Deles, o presidente Bolsonaro ouviu que a saída do ministro tem que ser urgente. Ontem, o governo do Distrito Federal multou o ministro Weintraub em R$ 2 mil por participar de uma manifestação em Brasília sem o uso de máscara, item que é obrigatório em áreas públicas da capital federal desde o dia 30 de abril. Ministros ouvidos pelo blog de Gerson Camarotti, no G1, afirmaram que o titular da Educação ultrapassou todos os limites ao participar do protesto na Esplanada dos Ministérios sem máscara no domingo.