O ator e ativista cultural Buda Lira informou que mais de mil pessoas, incluindo intelectuais, artistas, educadores, integrantes de entidades de movimentos da sociedade civil e profissionais liberais, assinaram um manifesto em defesa da prefeita do Conde, no litoral paraibano, Márcia Lucena, do PSB, que se considera vítima de ataques sistemáticos de opositores políticos, “com armações, difamações e atos de intolerância à presença de uma mulher na condição de gestora de uma das principais cidades do Estado”. Márcia Lucena foi denunciada na Operação Calvário, desencadeada pelo Ministério Público com o auxílio do Gaeco, por suposta participação em esquema de desvio de verbas da Saúde e Educação na administração do ex-governador Ricardo Coutinho, concluída em dezembro de 2018.
Coutinho continua cumprindo medida restritiva como o uso de tornozeleira eletrônica, que lhe foi imputado por autoridades judiciárias de cortes superiores. A prefeita chegou a ficar presa em Penitenciária de João Pessoa e também foi punida com utilização de tornozeleira. O documento de solidariedade a Márcia Lucena, filha do ex-pro-reitor da UFPB Iveraldo Lucena, tem assinatura de nomes como a atriz e militante política Bete Mendes (RJ), os cantores e compositores Chico César e Tom Zé, a Articulação de Mulheres Brasileiras, o Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste, professores de Universidades e políticos. Nas redes sociais foi divulgada a carta indicando que os ataques a Márcia Lucena somam-se “à escalada autoritária encampada pela gestão do presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, com perseguições às lideranças do campo progressista, às políticas públicas inclusivas e, em especial, a grupos historicamente discriminados como mulheres, indígenas, pretos, pardos e LGBTQI+”.
De acordo com o documento de protesto, “a perseguição política a Márcia Lucena é o símbolo da insatisfação de figuras masculinas que há tempos ocupam postos democráticos no município do Conde com táticas de autoritarismo e política suja em relação a uma mulher que preenche esse mesmo espaço com trabalho, seriedade e compromisso popular. É mais um exemplo da violência contra a mulher em espaços de representação política que parece não haver término no Brasil”. O manifesto revela que a gestão de Márcia Lucena vem sendo atacada “por provocar mudanças estruturais na forma de fazer política, por investir em obras de urbanidade estruturantes no município, discutir o orçamento público e prestar contas das ações e projetos em execução à população, além de implantar ações com foco na saúde e educação para garantir melhores condições de vida e de futuro para a população do Conde”.