A anunciada entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao programa Arapuan Verdade, na Rádio Arapuan FM, de João Pessoa, nesta quinta-feira (18), desperta interesse nos meios políticos paraibanos pelo teor de suas análises sobre a conjuntura local. A expectativa maior diz respeito ao posicionamento de Lula sobre o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), que continua sendo investigado na Operação Calvário por desvio de verbas públicas e que ainda agora teve bens sequestrados pela Justiça. O PT em João Pessoa terá o deputado em exercício Anísio Maia como candidato às eleições a prefeito, o que dificulta uma composição com os socialistas, que contavam com essa possibilidade. O PSB ainda não sinalizou candidatura, embora nomes sejam especulados como o da ex-secretária Amanda Rodrigues, atual esposa do ex-governador.
O anúncio da entrevista de Lula foi feito pelos apresentadores do programa Arapuan Verdade, Clilson Júnior, Luís Torres (ex-secretário de Comunicação do governo Ricardo Coutinho) e Gutemberg Cardoso. A previsão de início da entrevista é para as 13h com transmissão ao vivo pelas redes sociais. Desde que foi colocado em liberdade após cumprir 580 dias de detenção numa sala da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, o ex-presidente Lula, que é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, tem falado a diferentes órgãos de comunicação de todo o país, incluindo emissoras de rádio, TV, jornais, revistas e sites. Numa ocasião, recentemente, cometeu uma frase infeliz ao dizer que “ainda bem que veio esse monstro (referindo-se ao novo coronavírus) para demonstrar a importância do Estado na assistência à população carente”. A frase de Lula teve ampla repercussão negativa e o ex-presidente se desculpou no dia seguinte, admitindo ter sido infeliz na expressão.
Nas intervenções que tem feito por telefone, o ex-presidente centra fogo no governo do presidente Jair Bolsonaro que, a seu ver, não corresponde às aspirações mais urgentes da sociedade e, ao mesmo tempo, tem desmontado direitos adquiridos pelos trabalhadores em lutas históricas, e ameaçado constantemente as instituições democráticas brasileiras. Lula tem procurado articular soluções para a disputa eleitoral deste ano, principalmente em capitais e nos grandes centros, a partir de um pressuposto: o de que o PT deve investir com prioridade em candidaturas próprias para recuperar espaços no cenário nacional. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, tem dito que uma estratégia paralela da agremiação consiste em reverter na Justiça os processos formados contra o ex-mandatário, com o consequente atestado de inocência dele diante das acusações assacadas. O passo seguinte seria viabilizar, então, uma nova candidatura de Lula a presidente da República em 2022. A proposta é criticada por outros partidos de esquerda, que acusam o petismo de “hegemônico” e “individualista”.