Nonato Guedes
A exoneração do ministro da Educação Abraham Weintraub foi oficializada ontem, em despacho com o presidente Jair Bolsonaro e em meio à situação de profundo desgaste que ele vinha enfrentando, com uma série de conflitos e envolvimento em processos instaurados pelo Supremo Tribunal Federal, a quem atacou, chamando ministros de “vagabundos”. Em nota, o governo Bolsonaro confirmou ter indicado o economista Weintraub para diretor-executivo do grupo de países que o Brasil lidera no Banco Mundial. A cadeira representada pelo Brasil na diretoria-executiva do Banco Mundial é integrada por Colômbia, Equador, Trinidad e Tobago, Filipinas, Suriname, Haiti, República Dominicana e Panamá.
Weintraub foi economista-chefe e diretor do Banco Votorantim, além de CEO da Votorantim Corretora no Brasil e da Votorantim Securities nos Estados Unidos e na Inglaterra. Ele se tornou, ontem, o décimo ministro a deixar o governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Em um vídeo ao lado do presidente, Weintraub afirmou ter recebido um convite para trabalhar no Banco Mundial. A queda do ministro vinha sendo especulada desde que veio a público um vídeo de uma reunião ministerial realizada no dia 22 de abril. Na ocasião, o então titular da Pasta da Educação defendeu a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal. “Eu, por mim, colocava esse vagabundos todos na cadeia. Começando pelo STF”, declarou.
Desde então, os integrantes da Corte, lideranças do Legislativo e até quadros dentro do próprio governo passaram a cobrar a demissão de Weintraub. Bolsonaro, no entanto, em face do apreço pelo ex-ministro, buscou resistir até o limite. A pressão tornou-se insustentável, culminando com a exoneração. O Ministério da Educação publicou uma nota sobre a trajetória de Abraham Weintraub, afirmando que ele deixou uma gestão limpa neste último um ano e dois meses e deixará um amplo legado, com foco prioritário nas crianças, nos valores da família e “inovação” no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). “O compromisso, quando assumiu o cargo em 8 de abril de 2019, era o de ser um ‘ponto de inflexão’ no ensino brasileiro, dando um novo rumo às políticas educacionais”, ressalta o texto. E continuou: “O então ministro deu início a uma transformação fundamentada em evidências científicas, com referências internacionais, para, a longo prazo, tirar o país das últimas posições da América Latina quando o assunto é ensino de qualidade”.
A nota citou ainda a criação do “Escola de Todos”, uma ação para, de acordo com o MEC, “promover a cultura de paz nas escolas”, orientando, por meio de informativos junto aos livros didáticos, como denunciar casos de bullying, desrespeito à pluralidade de ideias e à liberdade de expressão. “Em época de pandemia – disse, fazendo menção ao coronavírus – “manteve o repasse de recursos da merenda escolar a Estados e municípios e propôs, através do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, que o dinheiro fosse utilizado para a compra de alimentos a serem distribuídos pelas secretarias de Educação em kits às famílias dos alunos. Cerca de R$ 2 bilhões já foram enviados”. Weintraub gerenciou um dos maiores orçamentos da administração federal, R$ 150 milhões ao ano.